O Século XIX foi marcado por invenções tecnológicas que vieram encurtar estradas e aproximar pessoas, como a invenção da locomotiva que contribuiu para melhorar a economia, pois as Ferrovias repartiam o comércio de transportar produtos com os Portos. As distâncias foram encurtadas, as viagens tornaram-se mais rápidas com as locomotivas.
A invenção da eletricidade possibilitou iluminar noites sombrias, através da luz elétrica a noite começou a ter vida e varar madrugadas entre pessoas e boemia. As invenções da fotografia e da radioatividade, com o raio X, trouxeram inovações como o registro da natureza, das pessoas, do tempo histórico, do corpo pela imagem.
A invenção do telefone quebrou limites geográficos e interligou pessoas do mundo inteiro através de fios elétricos. Nós podemos comparar a invenção do telefone à da internet no final do Século XX, que ligou fatos, acontecimentos e pessoas em segundos em todo o Planeta Terra.
Ruy Barbosa, político e escritor brasileiro, contemporâneo dessas invenções já antevia o que poderia acontecer de forma negativa com o progresso que ora se mostrava e não parava de crescer. Para ele, chegaria o dia que a interação humana e as relações sociais , familiares e afetivas seriam ultrapassadas pela tecnologia de modo que as pessoas se comunicariam por máquinas e não mais pelo toque das mãos, dos olhos, dos lábios e da boca.
Adentramos o Século XXI e vivemos teleguiados por Smartphones que dirigem a nossa vida. A nossa vida se entrelaçou ao mundo virtual e nos transformamos em máquinas, senhas, letras e números. É muito comum nas salas de jantar a família estar com um aparelho celular na mão, cada um num canto de sofá ou cadeira e o diálogo se esvaindo, a sensibilidade sendo trocada pela falsa ilusão que as redes proporcionam. As famílias desintegrando-se em decorrência da ausência mesmo presente de seus pares.
Vivemos o simulacro, a falsa ilusão de felicidade e poder, e já não nos importamos em olhar nos olhos para descobrir ou se encantar com o universo humano. Descartamos sentimentos e seres, pois o que nos convêm e interessa é o bem estar, que nos são direcionados. Quem não nos favorecer com tal prazer é por nós deletado. É assim que os smartphones nos ensinam. Basta um clique para retirarmos alguém da nossa vida e nos livrarmos de aborrecimentos. Tudo isso porque não temos mais tolerância e paciência para apararmos arestas e aprendermos a conviver. É um paradoxo. É um mundo que nos aproxima e ao mesmo tempo nos mostra nossa solidão e carência.
Penso ser necessário um equilíbrio emocional ante toda a tecnologia que vemos e convivemos. Penso que não podemos perder a nossa essência e acima de tudo manter a nossa verdade mesmo diante do modelo de aparência e superficialidade ditado pela nova era que vivenciamos.