A (re)Revolta da vacina: um negacionismo infundado

Em meados do ano de 1904, o país presenciou um motim popular na cidade do Rio de Janeiro, conhecido até hoje como “A Revolta da Vacina”. Naquela época estava tendo uma epidemia de varíola, doença viral, contagiosa, que causava desfiguração e, muitas vezes, a morte. Tal doença teve seu último caso natural diagnosticado em outubro de 1977, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a certificar a erradicação da doença em 1980. Esta proeza só foi possível, graças a uma forte campanha de vacinação em massa, que muito embora tenha sido, de início, rejeitada por muitos, com o passar dos anos foi ganhando força, com a conscientização e a comprovação de sua eficácia. 

Para a época, era compreensível que a população tivesse receio de tais métodos preventivos, visto a falta de acesso às informações e também a ciência não contava com tamanhas ferramentas tecnológicas como as de hoje. Mas a realidade que vivemos hoje é muito diferente e as informações sobre a confecção das vacinas para a Covid-19, sua eficácia, seu modo de ação, suas doses, seu armazenamento, seus efeitos colaterais, suas fases de teste etc, estão disponíveis para que a sociedade tome conhecimento. O avanço da tecnologia nos permitiu desenvolver mais de uma vacina diferente, para combater o mesmo agente viral, num intervalo de tempo curto, devido à gravidade da situação. Muito embora sua rapidez seja questionada, vale ressaltar que os(as) pesquisadores(as) garantem que ela não oferece nenhum risco à vida, pois os protocolos estão sendo seguidos com cautela. E até agora, as vacinas se mostraram bastante eficazes, principalmente para casos graves e intermediários.

Vale lembrar que o Brasil sempre foi referência mundial em campanhas de vacinação. Mas o quadro atual é assustador. Existe, efetivamente, uma campanha de desinformação em massa, que pode comprometer a eficácia da imunização e prolongar a pandemia a nível global. Vale lembrar também, que se não houvermos um número suficientemente grande de pessoas vacinadas, de nada adiantará os esforços para barrar a pandemia. Isso porque os vírus sofrem mutações constantes, portanto, se por exemplo, 10.000 pessoas se vacinaram (imunes ao vírus), mas 1000 não se vacinaram, esses mil serão responsáveis por continuar a perpetuar o vírus e posteriormente gerar uma mutação a um nível tão alto, que até os que já estavam imunes serão novamente infectados por essa cepa mutante, pois a vacina passará a não ter efeito sobre esta variante. Atualmente já temos variantes, ainda mais infecciosas, do vírus circulando no mundo, isso devido às mutações. No entanto, os pesquisadores afirmam que, por enquanto, tais variantes não são um perigo às vacinas, mas com o passar do tempo, caso não seja barrado sua circulação e mutação, poderá comprometer a eficácia das mesmas.

A humanidade, mais do que nunca, precisa entender que a luta é coletiva. A responsabilidade é de todos, fazer com que a pandemia do novo coronavírus tenha seu desfecho final. Em respeito à todos os mortos e a todos os que estão lutando por suas vidas nos hospitais, precisamos deixar de reproduzir esse discurso negacionista infundado e dar lugar à luz da razão.

 

Por Dalila Martins

Dalila Martins

Maria Dalila Martins Leão é Eng. Agrônoma pela Universidade Federal do Ceará (UFC) e atualmente é Mestranda em Agronomia/Fitotecnia pela mesma instituição. Amante da natureza e entusiasta na luta pela Emancipação Humana e Ambiental!

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Maria Dalila Martins Leão é Eng. Agrônoma pela Universidade Federal do Ceará (UFC) e atualmente é Mestranda em Agronomia/Fitotecnia pela mesma instituição. Amante da natureza e entusiasta na luta pela Emancipação Humana e Ambiental!