A Reforma que vem esgarçando a velha política, por HAROLDO ARAÚJO

A nova política é aquela que já estamos vendo ser posta em prática. O ministro Paulo Guedes não pretende continuar na política e isso também é parte da nova política: Alternância de Poder. Ressalte-se que o ministro da economia é um excelente técnico. Ele demonstrou sua disposição de sacrificar sua bem-sucedida trajetória no campo empresarial, para encarar o desafio de organizar as finanças do Brasil, fato que se mostra evidente por ser um trabalho impopular.

Imagino que a velha política era costurada nos gabinetes e não em reuniões abertas à imprensa, assim como vem sendo debatida a reforma da previdência. Os pontos polêmicos vêm sendo expostos em reuniões de comissões e plenárias da câmara e do senado. Bem antes da posse do atual ministro e o país inteiro já discutia nas ruas o que as manchetes de jornais não paravam de destacar: A necessidade da implementação de medidas para sanar o déficit público.

Os estados da federação têm graves problemas, assim como a própria União e todos se ressentindo da falta de recursos para honrar seus compromissos com os aposentados. Segundo declarou o senador Omar Aziz na reunião plenária: Os govenadores da região Nordeste vão a Brasília e se reúnem e fazem pedidos em prol da aprovação, mas quando chegam em seus estados não expressam o que realmente desejam e precisam, fazendo discurso de oposição.

Imagine se estivéssemos em período eleitoral. Ao ser chamado à CCJ da Câmara para esclarecer os pontos polêmicos das mudanças, o ministro foi indagado pelo parlamentar Zeca Dirceu do PT do Paraná se tinha duas posturas que originaram 2 apelidos: “Tigrão” e “Thutchuca”. A provocação causou tumulto. Pode-se imaginar que os debatedores com perguntas fora do contexto evidenciavam que não queriam esclarecer pontos polêmicos. O Brasil assistiu a farsa.

Verificamos que cada parlamentar ali presente, raríssimas exceções, estavam preocupados em agradar suas bases eleitorais e para serem vistos. Foram vistos sim, mas não conforme desejavam. O povo já percebeu o que era a velha política. Um governante precisava dos votos dos parlamentares para aprovar seus projetos e para isso tinha que negociar cargos no governo ou liberar emendas para as bases eleitorais, o que é aceitável, mas não como moeda de troca.

O Brasil é um país muito grande e com muitos recursos. Temos uma economia muito   diversificada, pujante e capaz de nos manter entre os dez maiores PIB (s) do mundo, mas em termos de crescimento estamos longe dos trinta maiores. Precisamos nos desvencilhar das amarras do crescimento. O país tem-se mantido em situação de desconfortável crescimento baixo há 2 anos. Uma situação próxima da estagnação e que se origina nos déficits recorrentes.

O Brasil já foi alvo de outras armadilhas. A do crescimento pífio, como agora, e precisamos desvendar a causa destas adversidades. Estamos diante de nova armadilha: A velha política. Por que? Porque os problemas técnicos, se não estão solucionados, estão equacionados. Um sistema perfeitamente possível de ser solucionado. Um problema deixa de existir quando está equacionado, certo? Não. Todos os problemas deixarão de existir quando essa armadilha acabar

Esse cacoete de prometer obras para se eleger é da velha política. Um governo que equaciona os problemas e os submete ao parlamento para apreciação não está atuando como na velha política. É preciso que se entenda que o problema fiscal é de todos os estados da federação e municípios também. Nem o governo tem recursos para obras e nem os parlamentares aprovam as reformas. Isso é uma armadilha que denominamos de armadilha da velha política.

A Reforma da Previdência tem sido um modo eficaz de mostrar as entranhas da barganha contida no que se chama luta pelo poder e não para solucionar problemas já equacionados.

 

Haroldo Araujo

Funcionário público aposentado.

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