A QUEDA DO OCIDENTE OU A VOZ PERDIDA DE SPENGLER

Em pouco mais de um século, esta República improvisada do Brasil deixou o domínio britânico para subordinar-se aos vencedores da II Guerra e, antes de ter firmado a sua Soberania e o seu poderio econômico, vai marchando para tornar-se satélite das potências asiáticas e do Oriente Médio.

Entra em um “clube” por uma combinação de lealdades compartilhadas, em posição secundária e dependente de um tratado dissimulado, sob a forma de um Banco de desenvolvimento.

Surpreende, embora não cause indignação manifesta, que a omissão do Poder Legislativo, das origens mais legítimas da opinião pública e dos poderes de defesa e segurança do Estado, abstenham-se sob o manto do medo ou da conivência da responsabilidade que lhes incumbe historicamente.

A reunião dos integrantes do BRICS,em Moscou, não consegue esconder a estratégia de consolidação de um grupo econômico e de nítidas aspirações geopolíticas e formação militar, para enfraquecer o Ocidente.

O que nos separa da China, da Rússia e dos países árabes são as raizes culturais que nos tornam tão diferentes.

As teorias geopolíticas bordadas na Ásia e no Oriente Médio, muito menos o empenho em fazer renascerem os “Caminhos da Seda”, trilhados pelos novos mercadores, de passagem por Samarcanda, não alteram as origens comuns que fizeram do Ocidente, desde Roma e a Grécia, o “Ocidente” e os valores civilizatórios nos quais nascemos e crescemos.

O Brasil, cedeu em passado recente, à sedução do fascismo e ao encantamento das conquistas do nazismo: por pouco, muito pouco, não levou à frente as estratégias e preferências defendidas pelas altas patentes militares e políticas do Estado Novo.

1964 registraria, trinta anos depois, pelos exageros e fragilidades de políticas produzidas por estadistas fardados e políticos submissos, omissões e excessos que deram asas e ambições à esquerda, em suas múltiplas faces.

Ao final de 4 décadas, deparamo-nos com um poderoso equilíbrio de forças políticas, com forte predomínio de grupos totalitários infiltrados na estruturada em cerca de 32 partidos credenciados.

É disso que se tratará em Moscou, nos próximos dias, lá onde se projetarão as “doutrinas” brandidas pelos nossos amorins, seguros do que pretendem construir, pelos espaços sem fim do Império do Meio.

Paulo Elpídio de Menezes Neto

Cientista político, exerceu o magistério na Universidade Federal do Ceará e participou da fundação da Faculdade de Ciências Sociais e Filosofia, em 1968, sendo o seu primeiro diretor. Foi pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação e reitor da UFC, no período de 1979/83. Exerceu os cargos de secretário da Educação Superior do Ministério da Educação, secretário da Educação do Estado do Ceará, secretário Nacional de Educação Básica e diretor do FNDE, do Ministério da Educação. Foi, por duas vezes, professor visitante da Universidade de Colônia, na Alemanha. É membro da Academia Brasileira de Educação. Tem vários livros publicados.