A nova política não é apenas um título recheado de boas intenções, nem muito menos um slogan cunhado como estratégia de marketing. Abraçar a nova política é caminhar rumo a uma nova mentalidade – o mindset, do mundo dos negócios – que, por sua vez nos orienta a novas decisões, hábitos, comportamentos, visões, enfim, a nova política pode nos encaminhar para virtudes muitas vezes esquecidas, soterradas por toneladas de achismos encontrados pelo caminho, por leituras rasas e, pior, por ideologias que foram orientando nossa atenção apenas ao imanente, ao concreto, ao ganho de curtidas e novos seguidores, ao hedonismo e materialismo, a alta velocidade dos cliques e do novo carpe diem relativista.
A nova política exige um novo pensar, não necessariamente em coisa novas, modernas, pós-modernas. A nova política, como já foi dito em muitos substantivos acima, é muitas vezes pensar o óbvio – repito – esquecido por quase não ser mais visto – o que os olhos não veem, o coração não sente, diz o adágio – tais como o belo, o bom e o verdadeiro.
A nova política, este movimento que está na boca de muitos no pós-2018, deve ser usado como aquele clima, um tal recomeço que todos temos na vida, as vezes mais de uma vez. É o momento para os brasileiros assumirem o papel que sempre lhe foi negado, negação esta por simplesmente ou desconhecer tal desígnio natural ou por autonegligência, egoísmo e omissão, quando decidiu abrir mão de seu papel político.
A nova política nada tem a ver – ou tem tudo a ver! – com partidos, legendas e quaisquer coloraturas ideológicas, mas sim tem muito de cidadania, que só ostentamos quando nos percebemos pagando quatro meses de impostos ao ano, amargando uma fila no Sistema Único de Saúde ou ainda votando de dois anos em dois anos.
O termo é perfeitamente e positivamente flexível, pois nova política pode ser grafada e dita como novo cidadania, sem ferir a semântica, afinal, ambas têm mesmo significado. O que devemos excetuar aí é apenas a origem vocabular, quando a primeira (política) é grega e a segunda (cidadania), latina.
É o momento para os brasileiros se olharem no espelho e finalmente – 519 anos depois – se enxergarem políticos, ou seja, cidadãos que se ocupam com a realidade que os envolve, sem mais delegar – e somente só – a terceiros, sejam eles quem forem. Aliás, é o momento destes mesmos brasileiros se tornarem também estes “terceiros” que numa rápida analogia são vereadores, deputados, prefeitos, ou seja, aqueles a quem, durante gerações, delegamos as decisões sobre nosso destino.
Uma chance enorme este estado de nova política, inclusive para os políticos profissionais, aqueles dos partidos e legendas, que podem, finalmente, romper com a velha política, que também é a velha mentalidade, o velho modo de olhar o outro, seu eleitor; as velhas práticas administrativas e os velhos investimentos com o dinheiro público, tudo pode ganhar novas cores. Hoje, são tantas as formas deles, os representantes oficiais, estarem presentes na vida da cidade, nas formas de se comunicarem com todos, de se tornarem verdadeiros líderes de suas comunidades, na acepção mais pura do que é ser líder, qual seja, aquele que inspira seguidores, por sua magnanimidade, por sua humildade.