Nas Cidades do interior era costume ver a menarca e os demais ciclos menstruais como uma doença principalmente quando o fluxo vinha acompanhado de dores ovarianas.
Fui deitar-me para não contrariar mamãe, afinal ela sabia das coisas. O absorvente sem abas parecia mais uma almofada de tão alto e era um incômodo. Porém, pus-me a pensar:
Eu li nos livros de Biologia que a menstruação é um processo natural e não deve ser visto como nenhuma doença. Que a menarca é o início do ciclo reprodutivo. Chamei mamãe no quarto e lhe disse que as informações que tenho sobre a menarca e os ciclos menstruais não condizem com a situação em que estou.
Mamãe pôs-se a explicar-me que os livros estão certos, uma vez que trazem conhecimento fundamentado em teorias científicas. No entanto, os costumes em que ela fora educada viam a menstruação como algo especial que inviabilizava a mulher de ter uma vida normal nesses dias.
Hoje, aos Quarenta e Nove Anos, relembro sorrindo, e vejo quanto caminhamos e, de certo modo, evoluímos no tocante aos ciclos menstruais. As adolescentes sentem prazer em saber que estão saindo do casulo infantil e iniciando a vida de MOÇA. Os absorventes são diversos e alguns são artesanais. A vida segue seu curso e fluxo, e nada é proibido. O Século Vinte e Um vem fortalecer a proposta de empoderamento feminino e isso tem sido muito positivo.
Muitos medos que vivemos são frutos da cultura de valores trazidos pelos mais velhos e pela tradição oral desde a nossa ancestralidade. Cabe a nós andar de mãos dadas com o tempo e as mudanças que ele vem trazendo.
Que as menarcas sejam livres!!