A Justiça Eleitoral e a conquista da juventude

A Justiça Eleitoral procura jovens que queiram alistar-se como eleitores. Uma campanha de proporções enormes é desencadeada pelo Tribunal Superior Eleitoral para que as(os) jovens de idades entre 15 e 18 anos alistem-se e possam votar nas eleições de outubro próximo. O Tribunal Regional Eleitoral, através de esforço e coordenação da Escola Judiciária Eleitoral, faz essa campanha desde o ano passado com o Programa Eleitor do Futuro: a ideia é chamar os jovens para a reflexão. Ação reflexiva é a saída para tanto desmando, desgoverno, desmonte, desespero.

As duas campanhas focam no exercício de participação e no conceito de democracia, no combate às notícias falsas a partir da iniciativa de checar as fontes e as notícias, na vontade de votar e fazer a diferença.

Não é piegas dizer que somos uma democracia, mas é imperioso que se informe o que significa a atual democracia. Já não temos tempo para acreditar no governo do povo pelo povo. Não, essa conversa não pega mais ninguém. O regime democrático consiste na possibilidade concreta de participar, de escolher representantes, de fiscalizar e reclamar, de querer eleger alguém que tenha compromissos para com a comunidade por maior que ela seja.

Mas a boa política pressupõe distribuição responsável e isonômica de informações críveis, em um lugar onde as pessoas que ouvem consigam discernir o que é verdade e o que é falso. Seria um mundo ideal?

É preciso começar de algum modo: a iniciativa da Justiça Eleitoral em parceria com a SEDUC é um bom exemplo. Somos servidoras e servidores voluntariadas(os) para distribuir informação de qualidade a estudantes de escolas públicas e particulares. Em 2021 foram 67 palestras que impactaram 74 escolas e 3.824 estudantes. Este ano serão 8 formações virtuais nos meses de março e abril.
Somos formadoras(es) com muito gosto. Voluntárias (os) que se entregam ao projeto com a maior boa vontade e esperança de que a informação chegue na hora certa e antes que seja tarde. As conversas são boas de se ouvir e não deveriam ser uma prática de exceção. Deveria ser a regra que as instituições se aproximem da população em práticas como esta, de modo efetivo para público certo e carente, afinal informação e café nunca são demais.

Alunas e alunos ouvem, opinam e demonstram que a fala teve escuta. Se sentem contemplados com aquele tempo de aula ganho, sabem de coisas que ouviram falar por alto, como a Constituição Federal. São convidados a pensar sobre o que acontece no País, no cenário político e social e é provável que decidam se alistar, participar e votar. Alguns dizem que querem ser mesários.

Acredito na distribuição de cultura política, já o disse aqui. Acredito na participação qualificada como hipótese de reduzir a distância entre governantes e governados. É sobre isso: acreditar.

Adriana Soares Alcantara

Mestre e Doutoranda em Planejamento e Políticas Públicas da UECE Pesquisadora integrante do Grupo de Pesquisa da UECE na linha "Política faccionada e atuação dos partidos políticos em âmbito subnacional". Servidora do TRE e Integrante da Comissão de Participação Feminina CPFem