A SOBREVIDA DO CENTRÃO
O “Centrão” não é uma simples coalização político-eleitoral. É uma criação “patriótica” para salvar a alma das oligarquias. Como força eleitoral é invencível. É, como dizia Francelino Pereira, o “maior partido político do Ocidente”.
É, por índole e impulso, multi-ideológico. Nele cabem todas as tendências, de comunistas a fascistas.
Ao longo da nossa atribulada vida republicana, o “Centrão” foi sempre majoritário. Centrão era e sempre foi o PSD. Durante o recesso democrático de 25 anos, a ARENA representou o poder, era o Centrão. O PDS substituiu a ARENA no propósito e função de ser o “Centrão”.
Com a sua formação de militar-estadista, forjada nas doutrinas mais recentes, Castelo Branco implantou, por cima de todas as dissensões e das adesões inevitáveis, o bipartidarismo.
Da ARENA fez governo, do PMDB, oposição, Neles lotou as lideranças nomeadas, por livre escolha e aconselhamento de ouvidores civis.
Em alguns pontos do Brasil, os refratários digladiaram-se: todos queriam entrar para o partido do governo. Politico brasileiro não tem vocação para contrapor-se ao governo. Oposição dá prejuízo e “é feio perder eleição”. Como dizia uma ilustre estadista brasileira, envergando a faixa presidencial, “faz-se o diabo para ganhar uma eleição”.
No Ceará, não foi fácil convencer algumas lideranças de que não havia vagas para todos — no partido da “situação”. Ensinava o marechal cearense que a democracia é assim mesmo, tem os seus riscos. Alguns políticos, por falta de sorte ou pela força das circunstâncias, têm que fazer oposição ao governo.
Tempos bons aqueles — e saudosos — quando os vencedores de 1964, revolucionários fardados e os civis saídos dessa aderência público-privada histórica, defendiam, em um governo autoritário, a democracia…