A HISTÓRIA DO BRASIL EM FATIAS [Edição Especial]

O BRASIL É UM GRANDE “CENTRÃO”

Se o comunismo prosperar no Brasil, será como Obra do “Centrão”…

O “Centrão” tem todo o equipamento político e eleitoral para tornar-se, no Brasil, partido único. Sem revoluções, mortes ou golpes danosos à saúde: apenas por adesão expressa e voluntária.

Afinal, como reconheceu o Itamaraty, pela voz habilissima do ministro plenipotenciário, embaixador Amorim, somos um povo de índole pacífica. Duvidar, quem há-de ?

Essas convergências eletivas vêm de um tradição ancestral, de uma incontornável vocação para o poder. As oligarquias guerreiras foram se extinguindo, paulatinamente. As virtudes ponderáveis das alianças predominaram, finalmente, sobre os corações e os bolsos.

O “ Centrão” já era “Centrão” quando, antes mesmo da República do Marechal Deodoro, extraía as suas vitórias nas eleições “a bico-de-pena”. Diziam as más línguas que Pedro II foi a primeira voz, no Brasil, com fortes acentos unificadores…

No Estado Novo, o “Centrão” fez-se getulista. Ou teria sido o contrário?. E não parou de crescer. Foi PSD, transformou-se em um “Centrão” à esquerda, com o PTB (inspiração remota, anunciação do PT, com aspersão de jaculatórias da Escola de Frankfurt, feito PSDB).

Foi ARENA e, em seguida, PDS. Cooptou o MDB para um Sistema bipartidário ao gosto de outro Marechal, Castelo Branco. Com 34 partidos,em um Sistema pluripartidário, deles fez, sem qualquer discriminação, associados, parceiros e cúmplices seus. Neste ajuntamento patriótico há espaço para todos.

Nesta complexa engenharia de um
Sistema bipartidário, duro foi convencer quem deveria ocupar cadeira no partido de oposição. Tendo por cuidar de uma invenção a que dera vida — o bipartidarismo, nas suas aplicadas leituras realizadas na Escola Suoerior de Guerra — o Marechal fez valerem as precedência, fez finca-pé e amassou , como no sopro de Adão do barro da Revolução o PMDB e a ARENA — e deu-lhes espaço, menos votos, artigo secundário que só se encontram nas democracias…

Com o Fundo Eleitoral e as Emendas Parlamentares, é ainda o “Centrão” que comanda o governo e a oposição vestidos de roupagem de fantasia…

Tornamo-nos a mais ampla associação de capital eleitoral sobre a Terra. A Índia pode ser a mais populosa democracia do mundo. O Brasil é, porém, a mais rica democracia do mundo — o maior entreposto monetizado de poderes compartilhados…

Paulo Elpídio de Menezes Neto

Cientista político, exerceu o magistério na Universidade Federal do Ceará e participou da fundação da Faculdade de Ciências Sociais e Filosofia, em 1968, sendo o seu primeiro diretor. Foi pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação e reitor da UFC, no período de 1979/83. Exerceu os cargos de secretário da Educação Superior do Ministério da Educação, secretário da Educação do Estado do Ceará, secretário Nacional de Educação Básica e diretor do FNDE, do Ministério da Educação. Foi, por duas vezes, professor visitante da Universidade de Colônia, na Alemanha. É membro da Academia Brasileira de Educação. Tem vários livros publicados.