A CONQUISTA DO MUNDO PELOS BRICS

A aliança sino-petista construirá uma nova civilização

De tão inteligente e sofisticada, suspeito que esta estrategia sino-petista não foi concebida por Lula. Tem o toque de Midas de Zé Dirceu. A manha de novos sinólogos que dominaram o partido dos trabalhadores.

A construção de um BRICS forte, com perfil pronunciado de poder político, ideológico e econômico, não é estratégia de fundo-de-quintal, de vira-latas a balançar a cauda festiva…

O banco do BRICS, entregue à gestão de uma excepcional destruidora de patrimônios públicos, é a arma escolhida. O cavalo de Tróia para arrebentar o Ocidente, não pelas armas da guerra, porém pelos instrumentos ideológicos da opinião, abduzida pelo “partido” e pelas mesma táticas capitalistas adaptadas às necessidades do controle do Estado.

O abandono do dólar como moeda de troca nos negócios com a China e os seus consorciados (Índia, África do Sul, Rússia e Brasil) deixa à mostra a estratégia política da criação de um mercado concebido para confrontar o dólar e as potências ocidentais, tão auto-suficientes e seguras na sua canhestra visão de mundo. Do mundo ideologizado, segundo o modelo gramsciano de uma revolução cultural para cima e além das fronteiras nacionais.

O “Ocidente” perdeu-se nas selvas dos Vietcongs e nas areias do Iraque. A dura lição de uma batalha de David contra Golias não valeu muito à diplomacia americana nem aos senhores da guerra do Pentágono. O cenário econômico e de poder bélico parece propício à engenharia de uma guerra ideológica com consequências imprevisíveis.

Uma nova moeda integrará uma ampla comunidade econômica-ideologica, auto-suficiente, com seus territórios e riquezas naturais incorporados a um domínio extra-étnico e extra-territorial. Um poderoso “consórcio” de ideologias mal calibradas, porém eficientes.

O “banco” da Dilma operará os haveres socializados neste monumental conglomerado de interesses conflitantes. Todos, entretanto, seguindo regras econômicas e monetárias comuns, e os controles centralizados em um poderoso monopólio estatal.

A América Latina, já socializada e domesticada por ditaduras de todo gênero, desde o fim da II Grande Guerra, recorrerá aos seus desejos de vindita contra os colonizadores. As populações originárias vestirão o terno modelito Mao, e os grandes espaços de preservação ecológica serão entregues aos empreendedores do povo, os oligarcas de uma nova era.

Alexandre e Carlos Magno buscaram assegurar essas conquista em favor de um Grande Império do Ocidente pelas armas, a cavalo e a pé.

Xi Ping, Pútin e Lula I conquistarão, por outras vias, meio-mundo, pela astúcia ideológica, pela cirurgia cultural que abrirá à luz do dia as vísceras e os pobres cérebros dos novos colonizados em uma imensa “pax asiática”…

Não, essa tática da conquista dos néscios, aqui e alhures, não pode ser concepção da tia Dilma, muito menos de Lula. Seus pronunciamento em Pequim (seria Xangai?) têm o sabor retórico de quem, por falta de modéstia, pretende liderar as hordas do “terceiro mundo”, categoria a que ele deu vida, malgrado a globalização polarizada do mundo.

Quando tenente, Napoleão ouviu de um general a afirmação categórica que a história não deveria ser escrita e contada por jovens. Com a mesma clareza lógica seria adequado afirmar-se que revoluções não devem ser entregues a velhos. Por idêntica razão.

Aos novos falta experiência; aos velhos sobra esperteza… Lula está entre os velhinhos alcoviteiras, revolucionários as doc…

Tem alguma coisa estranha por trás desse imbróglio patriótico… Alguma coisa se passa no reino dos companheiros…

Paulo Elpídio de Menezes Neto

Cientista político, exerceu o magistério na Universidade Federal do Ceará e participou da fundação da Faculdade de Ciências Sociais e Filosofia, em 1968, sendo o seu primeiro diretor. Foi pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação e reitor da UFC, no período de 1979/83. Exerceu os cargos de secretário da Educação Superior do Ministério da Educação, secretário da Educação do Estado do Ceará, secretário Nacional de Educação Básica e diretor do FNDE, do Ministério da Educação. Foi, por duas vezes, professor visitante da Universidade de Colônia, na Alemanha. É membro da Academia Brasileira de Educação. Tem vários livros publicados.

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