A árdua opção pelo crescimento sustentado – por HAROLDO ARAÚJO

Mesmo os países desenvolvidos enfrentam dramas da manutenção do crescimento econômico e da consequente geração de oportunidades de trabalho. Com vistas à essas metas, erram também quando se confrontam com a imprevisibilidade. A contundente queda de braços entre dois gigantes China e Estados Unidos não estava no periscópio. O Brasil enfrenta adversidades externamente, mas os problemas internos parecem mais graves, a exemplo da disputa política

A economia trabalha com previsões e formação de cenários e os negócios ficam em compasso de espera de melhores definições da conjuntura internacional. Internamente muito se tem feito para criar expectativas favoráveis ao nosso crescimento. Um estudo bem definido em que a solução só depende de nós, vem-se complicando na Câmara dos deputados, onde se verifica uma tendência de protelar uma saída, apenas por razões intestinas! é a Reforma Previdenciária

O fantasma das pautas bombas, parece se transformar em fantasma das protelações. Peço vênia para dizer que: Precisamos decidir entre mudar o regimento da Câmara ou alertar os parlamentares. É inaceitável que uma nação inteira esteja à espera de que após mais de 6 meses de debate sobre um projeto, com os desempregados à espera da volta dos empregos e predominem os enfrentamentos políticos, superando até as preocupações fiscais e financeiras.

A conjuntura externa já não é tão favorável como as comodities e as vantagens do FED e do BC europeu com o colchão de liquidez, para salvar o sistema financeiro mundial, formaram um cenário externo, capaz de favorecer às incompetências na gestão pública por algum tempo. A conjuntura internacional, hoje, mais se assemelha à cada um por si e Deus por todos. É preciso que todos os parlamentares tenham essa consciência. Acho que estão esticando demais a corda.

O nosso BC sabe que o Brasil dispõe de potencial de crescimento, sem inflação, em face da capacidade instalada, formação bruta de Capital Fixo, mas compreende que esse fato, por si só, não justifica uma aventura na política dos juros, que poderia ocasionar reflexos graves na taxa de câmbio. O que se observa é que há uma cautela da autoridade monetária em não iniciar o processo de redução dos juros, enquanto não tiver a segurança do cenário econômico brasileiro.

Assim como as medidas tomadas na Argentina, não foram capazes de gerar boas expectativas, nossos pacotes econômicos, de recentes gestões públicas, só deixaram estragos e desconfiança na economia. Peço vênia para referendar meu apoio à não emissão de outros pacotes pelo atual governo. O Brasil já foi criticado durante décadas pelos analistas econômicos por ter experimentado insucessos nos pacotes, o Brasil mais parecia um laboratório econômico.

Uma nação não pode ser cobaia de experimentos e sacrificar negócios, assim como já foi recorrente na nossa sofrida economia. Eram pacotes rotulados, conforme as medidas adotadas, como ortodoxas ou heterodoxas. Não acreditamos em congelamentos ou aventuras de choques, seja qual for o setor de atividade. Não acredito em atuações quixotescas pela via dos juros, sem que o câmbio se altere e traga ameaças nas projeções dos negócios externos e na inflação.

Penso que a cautela do ministro Paulo Guedes se deve à busca da credibilidade, porque toda política a ser implementada terá sucesso dependente das expectativas e cenários formados. Collor dizia ao presidente dos EEUU que o chamou de Indiana Jones, que só tinha direito à um tiro e não poderia errar. Acho que os sucessores de Collor também erraram pela falta de cautela. Não há mais espaço para aventuras quixotescas. O BC e o ministro Guedes sabem disso.

A dura opção pelo crescimento sustentado exige muita cautela e já são percebidos sinais de que o caminho é de bons resultados: A volta da confiança e da previsão de cenários na economia

Haroldo Araujo

Funcionário público aposentado.

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