Jornalista explica porque o Banco Central é um desastre

(O texto é trecho de artigo de de Luis Nassif, publicado em 21.01.2106 sob título Um desastre chamado Banco Central))
Vários fatores explicam essa sucessão de erros.
O primeiro, o próprio enfraquecimento da discussão macroeconômica brasileira, com os economistas de mercado tornando-se o único referencial da mídia e do BC.
O segundo, no fato de se ter entregue o BC à corporação.
Em princípio, nada contra. Em outros tempos, a Sumoc e, mais tarde, o BC, tiveram papel relevante em momentos cruciais da história conduzida pela nata do funcionalismo público brasileiro da época. Mas eram técnicos que transitavam por todos os setores da economia, até por sua ligação original com o Banco do Brasil.
O BC atual foi vítima de um conjunto de erros.
O mais relevante foi subordinar toda a análise econômica a uma única linha de pensamento, com interlocução exclusiva com o mercado. Como resultado, tocavam a economia brasileira com o manual de funcionamento da economia norte-americana. O FED mantém nas suas agências estaduais e na central compartilhamento de informações com setores da economia real discussões entre economistas de linhas econômicas diversas sobre problemas reais.
O BC brasileiro regrediu, tornou-se vítima de um vício de gestão já superado em empresas modernas, de cada departamento definir metas para si independentemente dos resultados de sua ação sobre a companhia como um todo. O BC age como se os efeitos da política econômica sobre a dívida pública, o nível de atividade, a queda da arrecadação não fossem problemas dele.
Além disso, a insegurança de Tombini fê-lo focar todas as discussões exclusivamente no sistema de metas inflacionárias – que ele ajudou a desenvolver – em si. Seu conhecimento restringe-se à literatura econômica norte-americana. E a insegurança de Dilma fê-la espanar o recurso à dúvida. Porque a dúvida exige compreensão, para justificar a decisão.
A entropia do BC foi de tal ordem que seus PhDs sequer se deram conta de uma correlação óbvia, brandida por eles próprios:
1. Segundo eles, não se pode reduzir os juros enquanto a parte fiscal não for equacionada.
2. Juros elevados derrubam a arrecadação, inviabilizando qualquer possibilidade de ajuste fiscal.
3. Sem ajuste fiscal, os juros têm que continuar aumentando.

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SEGUNDA OPINIÃO é um espaço aberto à análise política criado em 2012. Nossa matéria prima é a opinião política. Nosso objetivo é contribuir para uma sociedade mais livre e mais mais justa. Nosso público alvo é o cidadão que busca manter uma consciência crítica. Nossos colaboradores são intelectuais, executivos e profissionais liberais formadores de opinião.

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