100 dias de Camilo: um avanço na Política de Segurança

Uma televisão local acabou de me fazer uma pergunta: o que dizer da política de segurança do governo de Camilo nos seus primeiros meses de atuação? A minha resposta foi de que estou avaliando-a como positiva e esperando que a mesma se mantenha por todo o governo.

O reconhecimento do acerto de tal política se deve ao fato do novo governador ter garantido a governança numa área importantíssima para a vida de todos os cidadãos. O reconhecimento do diálogo como prática fundamental na gestão pública garantiu o sucesso de sua intervenção política. Algo aparentemente simples na prática governamental ocasionou uma quebra na forma de pensar da gestão anterior: o reconhecimento da existência de possíveis verdades no discurso dos seus opositores.

A abertura para o diálogo, a identificação dos problemas geradores de descontentamentos na Polícia Civil e Militar, a percepção contrária à criminalização das ações sindicais, o envolvimento direto do governador no planejamento das ações integradas das Polícias e a forma de relacionamento com os setores sociais organizados desenham um modelo de sucesso que está sendo possível quantificar na redução dos casos de violência.

A escolha dos nomes para a Casa Militar e o comando dos Órgãos de Segurança também apontam para uma nova forma de entendimento da relação entre o governo, os operadores da justiça, os atores diretos da segurança pública e a sociedade no geral.

Um fato emblemático de tal mudança de paradigma foi a determinação governamental da policia não conduzir arma de fogo nem “tonfa” – ou cassetete – no dia que o “Movimento dos Sem Teto” fez uma manifestação no Palácio do Governo.

A satisfação da tropa vem retornando em decorrência das medidas concretas executadas ou anunciadas para breve:

– reabertura das negociações com o Sindicato;

– existência de somente uma Polícia Militar com uma única farda;

– promoções que possibilitem o processo de ascensão na carreira policial;

– confirmação de que a questão salarial será tratada com base na média da Região Nordeste.

No sentido de ações mais qualificadas e de uma aproximação policial com a comunidade também são positivas as medidas anunciadas:

– 2.200 homens atuando em Fortaleza;

– Polícia Civil funcionando com sua capacidade máxima nas 24 horas;

– Fortaleza dividida em 25 áreas de segurança com 88 policiais em cada área;

– Carros de polícia com sistema para registro de boletim de ocorrência;

– 25 companhias tendo o funcionamento de um Núcleo de Policiamento e Acolhimento Social responsável pelas políticas comunitárias – Ronda Maria da Penha; Grupo de Apoio às Vítimas de Violência e visitas comunitárias com foco nas escolas e políticas sobre drogas.

A informação do governador de que continuará investindo em motorização da polícia com carros de valor inferior ao que vinha sendo utilizado e a sua participação e da vice-governadora nas ações de planejamento integrado das polícias apontam para algo que é mais do que uma simples ritualização de ação governamental para se dizer comprometido com a redução dos indicadores de violência. A redução mensal do número de homicídios no Ceará não é obra do acaso, mas manifestação concreta de uma vontade política que está dando certo.

O desejo, portanto, é de que tal vontade política possa contagiar as ações desenvolvidas nas outras áreas do governo.

 

Sociólogo, professor da UECE e coordenador do Mestrado Profissional em Planejamento e Políticas Públicas.

Horácio Frota

Dr. em Sociologia pela Universidade de Salamanca – Espanha, Professor da UECE, Coordenador do Mestrado Profissional em Planejamento Publico e Coordenador do Núcleo de Pesquisas Sociais – NUPES.

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Horácio Frota

Dr. em Sociologia pela Universidade de Salamanca – Espanha, Professor da UECE, Coordenador do Mestrado Profissional em Planejamento Publico e Coordenador do Núcleo de Pesquisas Sociais – NUPES.