Precisamos acabar com a xenofobia do Capital, por Haroldo Araújo

Respeitadas as peculiaridades, cultura e normas legais que lhes são próprias, cada país deverá acompanhar e avaliar as decisões que são tomadas pelos demais nos períodos de crise. É preciso avaliar os resultados e, até como forma de referência, as peculiaridades a que nos referimos, porque podem ser decisivas na tomada de decisões de enfrentamento da gestão dessa “Dívida Pública” que sabemos atinge a todos os países, mas de forma distinta.

Por falar em especificidades, apenas como exemplo, citamos o Japão. Este país, mesmo com juros próximos de zero, continua a poupar e o consumo tem peso na formação do PIB por sua alta renda per capita. O Japão tem dívida pública mais alta do mundo e a Grécia é a segunda maior com 170% do seu PIB e, em ambos, as preocupações são com a evolução e não com o valor. No país asiático, essa dívida já foi de 5% em 1965 e cresceu o suficiente em 5 décadas para alcançar a marca recorde de 229% do PIB.

Não é nosso propósito fazer exaltação da gestão do povo japonês que se sabe tem um território vulcânico, terremotos e pouca terra agricultável em relação ao Brasil. O que destacamos é que essa dívida tem mais de 90% do seu total em poder de seus próprios investidores japoneses, especialmente do Banco do Japão. Seja quem for o credor, é dívida! A concentração mencionada representa apenas um conforto, mas que não deixa de ser exigível.

Em maio de 2016 a nossa dívida pública passava de 70% do PIB. Portanto podemos afirmar que o grande problema não é o patamar atual, mas a possibilidade de que o crescimento possa ser descontrolado como foi no Japão e gerando piora das notas de risco de agências Internacionais de avaliação e consequente aumento dos juros em operações externas. Vale destacar que o nosso povo e o nosso governo não têm poupanças para financiar investimentos e o crescimento do PIB muito dependente de capitais externos. Precisamos oferecer segurança ao investidor!

Avanços na Dívida Pública ocorrem sem que muitos se apercebam e aqui está centrada em incursões governamentais. Amortizações para determinar recuos percentuais exigem participação e sacrifícios de toda a nação e até para assegurar que não avance em números absolutos também. Destacamos que é importante observar que tivemos um recuo do PIB (desde 2014) com avanços tímidos e até maiores com a recessão nos últimos anos. Não estamos economizando sequer para pagamento dos juros.

Na gestão de nosso Orçamento e até em sua elaboração já o fazemos com previsão de Déficit. A Dívida Pública é resultante da soma da dívida interna com a dívida externa. Os empréstimos tomados não precisam se concentrar nos recursos de nosso tesouro. Os empréstimos externos precisam ser autorizados pelo Senado e devem ser dirigidos preferencialmente para projetos que elevem os investimentos e PIB junto. Investimento não é Despesa!

Minha proposta é que façamos sim as “Reformas e Ajustes”, mas que nos reinventemos acabando com essa xenofobia do capital externo e toda e qualquer espécie de discriminação para superar a mais grave crise, que sabemos ter surgido também com o “cacoete xenofóbico” apontado. Enfim, quem foi que financiou o soerguimento do Japão no pós-segunda guerra? Foram os Estado Unidos da América!

A maior Dívida do Japão (Hoje) não é com o País que lhe financiou a recuperação econômica, mas com seu próprio povo! Portanto já pagou o que devia ao seu maior credor externo os EUA.

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