O AUTOR
Luigi Pirandello (1867-1936), italiano, foi escritor e professor de literatura. Escreveu poemas, contos, novelas e peças para teatro. Recebeu o Prêmio Nobel de Literatura em 1934. Recebeu críticas por ter aderido ao fascismo e apoiado abertamente Mussolini, de quem recebeu financiamento (para sua companhia de teatro).
A PUBLICAÇÃO
O livro “Seis personagens em busca de um autor“, de autoria de Luigi Pirandello, foi originalmente publicado em 1921, e neste mesmo ano a peça foi encenada no teatro pela primeira vez. No Brasil há muitas publicações desta obra. Entre as recentes, a L&PM fez uma edição ‘de bolso’ com 122 páginas.
CIRCUNSTÂNCIAS
No teatro, um diretor ensaia uma equipe de profissionais, preparando-os para a estreia de uma peça cujo sugestivo nome é “O Jogo de Papéis”, de autoria de um certo Luigi Pirandelo. De repente chegam ao palco seis pessoas de uma família (o pai, a mãe, a enteada, o rapaz, o menino e a menina) em busca de um autor que dê vida a suas impensáveis experiências em eventos recentes. Uma confusão se instala e a situação vai se tornando curiosa e delicada, à medida que interagem os profissionais do teatro, os seis ‘personagens’ e o diretor.
A IMPORTÂNCIA DO LIVRO
Este livro de Pirandelo (junto com outra peça de teatro chamada Enrico IV) projetou o italiano na literatura mundial. “Seis personagens em busca de um autor” deu também importante contribuição para o teatro moderno. Lido e encenado, o texto se mostra surpreendente, inquietante. E ainda assim traz momentos bem-humorados. O escritor italiano oferece em palavras uma experiência de reflexão profunda e confronto inteligente entre fantasia e realidade, entre vida e arte, literatura e teatro.
O LIVRO
Esta obra de Luigi Pirandello entretém, emociona e faz pensar o leitor ou leitora que se interessa por compreender a condição humana e se concentra no texto. Impressiona a quantidade de reflexões que o autor proporciona em espaço tão breve, em linguagem tão acessível. Cabe a cada um escolher o quanto vai entregar-se às cenas e penetrar nas possibilidades oferecidas. Durante a jornada da leitura, preciosas pérolas literárias vão surgindo para olhos atentos e sensíveis. Boa viagem!
CURTAS
“… Tudo o que vive, pelo fato de viver, tem forma, e por isso mesmo deve morrer: exceto a obra de arte, que justamente vive para sempre na medida em que é forma.
“… Mas um fato é como um saco: vazio, não se sustenta. Para se sustentar, antes é preciso colocar dentro dele a razão e os sentimentos que o determinaram.
“… Se pudéssemos prever todo mal que pode nascer do bem que julgamos fazer!
“.. Pois então eu gostaria de saber onde é que já se viu um personagem saindo de seu papel…
… O que, para o senhores, é uma ilusão a ser criada, para nós é nossa única realidade.
“… Como, quem eu sou? Sou eu!
BONS MOMENTOS
“… os autores costumam ocultar os tormentos de sua criação. Quando os personagens estão vivos, realmente vivos, diante de seu autor, ele apenas vai segui-los na ação, nas palavras, nos gestos que exatamente eles propõem, e precisa querê-los como eles mesmos se querem, e ai do autor se não fizer assim!
“… Se nós não temos outra realidade além da ilusão, é conveniente que o senhor também desconfia de sua realidade, desta que o senhor hoje respira e toca em si, porque, como a de ontem, está destinada a se revelar amanhã como ilusão.
“… Um personagem, senhor, pode sempre perguntar a um homem quem ele é. Pois um personagem tem verdadeiramente uma vida marcada por suas características, em virtude das quais ele sempre é “ alguém “. Ao passo que um homem — não falo do Senhor, agora — um homem assim, em termos gerais, pode não ser “ ninguém “.
“… Só para saber, o senhor, tal como está agora, consegue se ver… se ver, por exemplo, passado algum tempo, como aquele outro que o senhor foi outrora, com todas as ilusões que tinha, com todas as coisas dentro e ao redor de si, como lhe pareciam naquele momento, e eram, realmente eram daquela maneira para o senhor!
“… Pois aí é que está todo mal! Nas palavras! Todos temos dentro de nós um mundo de coisas, cada um tem seu mundo de coisas! E como vamos nos entender, senhor, se eu coloco nas palavras que digo o sentido e o valor das coisas tal como são dentro de mim, mas quem ouve inevitavelmente toma-as com o sentido e com o valor que têm para si, no mundo que traz dentro de si? Pensamos que nos entendemos, e nunca nos entendemos!
“… O senhor sabe muito bem que a vida está cheia de infinitos absurdos, os quais à primeira vista nem precisam parecer verossímeis, porque são verdadeiros… isso sim, se pode considerar uma loucura, isto é, criar absurdos verossímil para que pareçam verdadeiros…
“… De fato, os Personagens não devem aparecer como fantasmas, mas como realidades criadas, construções imutáveis da fantasia; portanto, mais reais e consistentes do que a volúvel naturalidade dos Atores. As máscaras ajudarão a criar a impressão da figura construída pela arte, cada qual fixada imutávelmente na expressão do sentimento fundamental de cada um deles…