OS AUTORES:
Robert Kiyosaki nasceu em 1947, no Havaí, filho de pais nipo-americanos. Seu pai era gestor público na área de ensino. Esteve na Marinha dos EUA e lutou no Vietnam. Aos 30 anos, montou uma empresa fabricante de carteiras para surfistas. Depois de 8 anos, mudou para uma empresa de produtos de educação financeira (criadora do jogo CASHFLOW, citado no livro). Aos 47 anos, aposentou-se. Cuida atualmente de seus investimentos e de educação financeira.
Sharon Lechter é apresentada assim no livro: esposa e mãe de 3 filhos, formada em contabilidade, gestora e consultora profissional de editoras e fabricantes de brinquedos, dedicou seus esforços à educação. Colaborou na criação do CASHFLOW.
AS CIRCUNSTÂNCIAS
Os anos 90 foram palco de grandes livros dirigidos a empresários e executivos. Foram os tempos pós-crise dos anos 70-80 e a segunda metade dos anos 90 marcaram a euforia da “nova economia”. O empreendedorismo era uma ideia que caía muito bem na ocasião. Também foram anos muito bons para livros de autoajuda. Pai Rico, Pai pobre não é nem um, nem outro. Esteve sempre numa terceira faixa, praticamente sozinho. O termo educação financeira nem existia e o livro sequer o usa, mas este é o tema (que aparece de mãos dadas com o empreendedorismo). Os autores conseguem ser originais e só eventualmente usam exemplos e linguagem dos consultores financeiros tradicionais.
A PUBLICAÇÃO:
O livro é publicado em 1997 nos Estados Unidos. No Brasil, a Editora Campus o lança no ano de 2000, com 180 páginas. Tornou-se rapidamente um Best seller e um clássico em todo o mundo. Apesar do sucesso, houve muita crítica negativa. A história e os exemplos narrados no livro não ganharam plena confiança. Por exemplo, o autor sustentou por muito tempo que realmente teve um pai rico, mas não convenceu e recuou dessa versão.
A OBRA
Pai Rico, Pai Pobre defende algumas teses. A primeira delas é que a educação oferecida nas escolas é capenga, por ignorar completamente a importância do dinheiro na vida das pessoas. O autor diz que o ensino é voltado para transformar todos em trabalhadores preocupados apenas com a segurança de um bom emprego. A educação deveria dar prioridade aos assuntos de dinheiro, para desenvolver em todos o que o livro chama de inteligência financeira.
Sem o domínio desse conhecimento, as pessoas tendem a se colocar no mundo numa espécie de ciclo vicioso, que Kiyosaki chama de “a corrida dos ratos”. Só os poucos que conseguem livrar-se dela, entram na “via de alta velocidade” e terão uma vida de qualidade, com independência financeira. Os demais sofrerão as agruras da incerteza e da insegurança que as restrições financeiras impõem.
Kiyosaki defende que o emprego é uma solução precária para um problema permanente. O livro é um enorme estímulo ao empreendedorismo e um imenso desestímulo à busca de uma boa formação voltada apenas para a busca de um bom emprego e de um bom salário.
Um dos pontos altos do livro e da clareza da mensagem dos autores é quando é abordada a estratégia central para se tornar rico. A recomendação é: compre ativos (aplicações que não geram despesa e geram renda). Diz o autor que a maioria das pessoas costuma usar seu dinheiro para comprar passivos (carro, casa de praia são passivos porque só geram despesa).
O autor também inova ao definir quem é pobre, quem é rico, quem é abastado e quem é financeiramente independente. E afirma sem vacilar que 95 por cento das pessoas estão quase condenadas a levar uma vida de dificuldades e limitações financeiras.
A IMPORTÂNCIA DO LIVRO
Pai Rico, Pai Pobre é uma contribuição importante para o debate sobre a educação financeira. O livro traz uma crítica dura ao ensino tradicional e o “pai” que ensina os assuntos de dinheiro ao jovem personagem do livro (pelo menos meio autobiográfico) não é o pai biológico. Assim, a crítica acaba sendo à escola e à família. É uma crítica justa, porque na verdade ambos têm se omitido na educação para os assuntos delicados de dinheiro.
Kiyosaki é tratado pela crítica como um autor de texto de pouca qualidade. Todavia, consegue marcar muitos pontos com o leitor ao dar nomes a seus conceitos: desde o título do livro, passando pela corrida de ratos, pelo confronto ativos versus passivos, pela inteligência financeira, entre outros.
O livro joga muita luz numa questão totalmente abafada que é o choque entre pobres e ricos. Propõe um encaminhamento para a questão (centrada nas ideias de empreendedorismo e da compra de ativos, principalmente) e chega a tratar de outro assunto delicado: como os ricos fazem para pagar poucos impostos, criando sociedades anônimas e jogando o ônus dos impostos nos ombros da classe média e dos pobres, como uma espécie de Robin Hood às avessas.
BONS MOMENTOS
1. Há as regras seguidas pelos ricos e há as regras seguidas pelos outros 95% da população. E os 95% aprendem essas regras em casa e na escola… Hoje uma criança precisa de uma formação mais sofisticada e o sistema corrente não está atendendo a essa necessidade. Não estou preocupado com quantos computadores há na sala de aula ou com quanto as escolas gastam. Como o sistema educacional pode ensinar o que não conhece? E como os pais podem ensinar a seus filhos o que a escola não ensina?
2. Você paga impostos quando ganha. Você paga impostos quando gasta. Você paga impostos quando poupa. Você paga impostos quando morre. Por que é que as pessoas deixam que o governo faça isso com elas? Os ricos não deixam. Os pobres e a classe média deixam.
3. Acordar, ir para o trabalho, pagar contas, acordar, ir para o trabalho, pagar contas… Suas vidas são conduzidas sempre por duas emoções: medo e ambição. Ofereça-lhes mais dinheiro (salário) e elas continuarão o ciclo, aumentando também as despesas. É isso que eu chamo de corrida dos ratos.
4. Regra número um: Você tem que conhecer a diferença entre um ativo e um passivo e comprar ativos. Se você deseja ser rico, isso é tudo o que você precisa conhecer. É a regra número um e é a única regra. As pessoas ricas adquirem ativos. Os pobres e a classe média adquirem obrigações pensando que são ativos.
5. Mais dinheiro nem sempre resolve o problema; de fato, pode até aumentá-lo. O dinheiro muitas vezes põe a nu nossas trágicas falhas humanas, é como um holofote sobre o que não sabemos. É por isso que, com muita frequência, uma pessoa que tem um ganho súbito de dinheiro – uma herança, um aumento salarial, um prêmio na loteria – volta rapidamente ao mesmo ponto, ou até pior, ao caos financeiro em que se encontrava antes.
6. Desde os meus dez anos de idade, ouvia meu pai rico dizer que os funcionários do governo eram um bando de ladrões preguiçosos, e meu pai pobre falava que os ricos eram bandidos gananciosos que deveriam ser obrigados a pagar mais impostos. Ambos os lados tinham argumentos válidos.
7. Uma parte de mim é um capitalista convicto que adora o jogo do dinheiro fazendo dinheiro. A outra é o do mestre socialmente responsável que está profundamente preocupado com o crescente hiato que separa os têm dos que não têm. Acredito que o principal responsável por esse hiato crescente é o sistema de ensino arcaico.
8. Toda vez que as pessoas tentam punir os ricos, estes não apenas não obedecem, como reagem. Eles têm o dinheiro, o poder e a intenção de mudar as coisas. Não ficam sentados e pagam voluntariamente mais impostos, ao contrário, buscam maneiras de minimizar sua carga tributária. Contratam advogados e contadores competentes e convencem os políticos a mudar as leis ou criar artifícios legais. Eles têm os recursos para fazer as mudanças.
CITAÇÕES
1. Uma das razões pelas quais os ricos ficam mais ricos, os pobres mais pobres e a classe média luta com as dívidas é que o assunto dinheiro não é ensinado nem em casa nem na escola.
2. Um emprego é na verdade uma solução de curto prazo para um problema de longo prazo.
3. As escolas estão preocupadas em ensinar as pessoas a trabalhar pelo dinheiro e não a controlar o poder do dinheiro.
4. Se você descobre que se enterrou num buraco… pare de cavar.
5. Os japoneses conheciam três poderes: o poder da espada, o poder do dinheiro e o poder do espelho.
6. Lembre-se da regra de ouro: quem tem o ouro faz as regras.
7. Não são os talentosos que vão em frente, mas os ousados.
8. Os impostos foram lançados inicialmente sobre os ricos.