Perdão a golpistas e alianças

Trecho de artigo do historiador Fernando Horta:

“… se o objetivo da candidatura Lula for “estancar a sangria” de direitos sociais e trabalhistas perdidos diariamente, então é forçoso reconhecer que Lula precisará de todo apoio que ele puder amealhar. E isto, se olharmos a história da representação de esquerda no nosso parlamento, fica ainda mais evidente. Ou aqueles partidos que defendem uma cisão radical de cunho moral com tudo o que eles acham “espúrio” na política, vão eleger 250 deputados e 40 senadores? Se o objetivo é que o Brasil possa voltar a respirar e os trabalhadores parem um pouco de serem vilipendiados diuturnamente, creio que o único modo é a conciliação. E louvo diariamente a nossa sorte de ter Lula para fazer este papel. Com mais de 70 anos, tendo perdido a esposa, ameaçado de prisão e firme a carregar as esperanças dos mais pobres e dos mais necessitados.

Sabemos que uma parte significativa da divergência entre Lênin e Trotsky, por exemplo, era exatamente na incapacidade do último – em momentos-chave – compreender que as questões materiais são preponderantes. O olhar frio para a política brasileira atual, sem o idealismo das micro-candidaturas ou o moralismo da direita, nos remete a completa incapacidade de governar sem alianças, que a esquerda hoje experimenta. Aliás, não só Dilma não conseguiu governar, como sequer a esquerda conseguiu mantê-la institucionalmente no poder. Se isto não demonstra cabalmente a necessidade de fazer alianças, então nada mais o demonstrará…”

Sobre o autor:

Compartilhe este artigo:

Perdão a golpistas e alianças