Apito estridente
Chicoteia o silêncio,
Anunciando o recreio
Gritos , empurrões, risos
E passos eufóricos explodem,
Se atropelam a exorcizar
A monotonia e a indolência
De alguns alunos pachorrentos
Ainda debruçados
Sobre as carteiras.
Os corredores,
Recolhidos ao anonimato
De outros mundos,
Despertam
Face à aquarela
Quase em pânico.
Aos atropelos
Do fulgor infante,
Descem as escadarias,
Até o pátio
Onde se dissipam
Em arriscadas acrobacias.
Arriscadas para o olho
Talhado pelo tempo
Que em tudo vê conspiração.
Não para elas!
E gritam, e pulam, e correm,
E rodopiam num balé disforme
A contrariar a lógica impecável
Das performances
Atléticas
São crianças,
Meninos e meninas
A festejar minutos
Sem amarras
E olhares reprovativos.
São crianças,
Meninas e meninos
Que exibem vigor
E trazem nas faces rosadas
E nos olhinhos atentos
A certeza do amanhã…
Negada a outras crianças,
Para além dos muros,
Nas sombras da segregação,
Nos guetos e vielas
A infância, porém, se controrce
E geme, e chora,
E não corre fagueira,
E não vive…
…A vida, o mundo
De outras crianças!
E quem por elas,
Deus,
Há de levantar a voz?
Quem sabe, talvez,
A própria sina Severina.
Uma resposta
Bravo!
Essa poesia livre me chegam como mais um colorido retrato em movimento revolvendo cenas do cotidiano que não passam ao largo dod de visão visão ampla, ao fio do olhar de um poeta.
Como é bom revisitar nas letras sabores e dissabores de fases lindas como a infantilidade através das lente dos poetas como o Camilo França.
Um privilégio