Os políticos precisam melhorar o discurso, por Haroldo Araújo

Sabemos que a polarização entre comunistas e capitalistas já não pode ser discurso hábil para eleger políticos. O fracasso do discurso de governo para pobres é mais evidente quando se sabe que são os mais pobres que pagam mais impostos. Isso é o que se pode chamar de demagogia. Brasil sofreu 15 anos de uma mesma gestão que se elegeu e reelegeu dizendo que trabalharia para acabar com a pobreza. Cadê a Reforma Tributária?

Sobre as estatísticas de melhorias do povo com a política, afirma o historiador britânico Angus Maddison (pg. 33 ed. 1126/Exame) que a renda per capita no mundo cresceu de US$ 667,00 para US$ 1.510,00 entre os anos de 1820 e 1913. Apenas 50%! Assustadora é a afirmação de que entre as duas “Grandes Guerras” mundiais houve retrocesso das relações internacionais e nos rumos da globalização e o resultado? Extremistas e radicais nos conduziram para extremos!

Como são os extremos? As chamadas forças de direita conduziram as nações mais avançadas e desenvolvidas para governos de cunho fascistas e nazistas. Por outro lado os discursos de esquerda nos levaram a governos comunistas… Todos fracassados e seu fracasso foi explicado: Os governos fortes e comandados com mão de ferro se amparavam nos discursos da intolerância às diferenças e no chamado “Nacionalismo!”. Protecionismo pretensioso!

Com o fim das disputas territoriais e das grandes guerras, final dos Anos cinquenta (1960) até 2014, a globalização trouxe um maravilhoso crescimento das economias mundiais e o Produto Interno Bruto registrou números ( 10 ) dez vezes maiores. Período em que comemoramos e registramos na história a queda do muro de Berlim, fim da guerra fria e da bipolaridade. Um avanço que mostrava números favoráveis à abertura e à globalização.

No Ocidente o populismo foi substituído e derrotado por avançadas correntes de pensamento que se desvencilharam de discursos oportunistas para incautos. O foco era o Crescimento Econômico (PIB). Há um porém! De 2014 para cá voltam alguns discursos que elegem e prometem eleger novos demagogos amparados na retórica e os oportunistas querem pegar uma carona nessa onda “Retrô” com a volta de outros enganadores de pior qualidade comprovada.

Avanços democráticos em aperfeiçoamentos de gestão demonstram cabalmente que as nações buscam, de forma crítica, excluir o oportunismo político. Renovam-se os discursos e para o bem ou para o mal a explicação está nos discursos. Por certo querem mudar em busca de melhorias para a nação! Não vejo nos EUA uma união ou unificação dos discursos políticos em busca de poder. Não foi assim a eleição de Donald Trump. Os próprios republicanos discordaram em busca do melhor para a nação. Impossível aconselhar o TRUMP no particular.

Raul Castro busca acertar o passo na modernidade, mas não consegue se desfazer das sua detestável e indissociável cultura do amor ao poder, herdada de Fidel (50 anos como ditador da Ilha). As mudanças em Cuba são de modo que Raul já permite que os cubanos possam abrir seus negócios e fazer investimentos antes proibidos, mas não permite a formação de Sindicatos e proíbe a Liberdade de Expressão. Os donos de Cuba não parecem querer mudar nada.

Demétrio Magnoli diz que Cuba sai do “Comunismo Selvagem” para o “Capitalismo Selvagem”. E qual é o problema? Segundo o professor: Cuba sob o comando de Raul Castro não sabe como fazer isso de forma adequada aos anseios do povo. Paralelamente a esse anacronismo deletério e robustamente paradoxal não dá nem sinais de que caminha para uma democracia e de modo a catalisar as forças populares com novas lideranças e em direção à essa vontade popular. Essa mudança tem que ocorrer e nunca ser reprimida como foi por tanto tempo.

Não precisamos ir longe para detectar o choro das viúvas de lideranças vivas, verdadeiros zumbis nos corredores do Congresso Nacional brasileiro. Mudar o discurso? Ah não! Nem pensar, afinal de contas não há como convencer os remanescentes de partido em extinção judicial que o mínimo que poderiam fazer (agora) era mudar o discurso, assim como Raul que não consegue… E não consegue porque já não conta nem mesmo com as próprias convicções.

Assisto entrevistas e acompanho os debates no Senado e na Câmara. É visível o constrangimento de políticos da coalizão que sustentava Dilma sobre a necessidade de uma mudança de postura. Alguns continuam a sustentar o mesmo pensamento e não admitem seus erros e tentam convencer aos outros que todos estão errados. Imagine se entra na cabeça de alguém que a busca do equilíbrio orçamentário é questão partidária? Os Orçamentos surgiram para controlar o absolutismo dos poderosos.

Caros políticos que não pensam no Brasil! Sabemos que, se por acaso tivessem outra postura, também seriam melhor sucedidos, por que não mudam? Indagamos: Qual é o objetivo dos discursos raivosos e pessoais sem conteúdo proveitoso para o país e o que será que insistentemente e ao longo de mais de 200 dias tentam praticar com recorrências temáticas de cunho pessoal, o que será que vão nos convencer? Será que agindo de forma repetitiva vão gerar convencimento?

Será que são contra a ascensão de Michel Temer? Isso já não pode mais ser contestado. Por que? Porque o homem já assumiu há 200 dias e já nos dá esperanças e são esperanças de um Brasil melhor. Será que não estão atirando no próprio pé? Sugerimos melhorar um pouquinho aperfeiçoando os temas e propostas.

Essas escolhas anacrônicas de debates com polarização de “Esquerda” e “Direita” se mostram repetitivas à exaustão e não trazem nenhuma melhoria, mas ao contrário depõem até contra a capacidade cognitiva do próprio orador. Extremistas não nos levam a lugar algum e já levaram os povos a se distanciarem e até a se enfrentarem através de armas.

O Brasil depende da política e da cabeça dos políticos para melhorar! Eles precisam se renovar!

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