O PROTESTO PELA LIBERTAÇÃO DE LULA, por Eduardo Fontenele

O MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) e seu principal representante, Guilherme Boulos, pré-candidato à Presidência da República pelo PSOL (Partido Socialismo e Liberdade), e também a Frente Povo sem Medo, se envolveram em uma manifestação em prol da libertação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, na manhã de segunda-feira (16/4).

O grupo de 50 pessoas invadiu o tríplex do Guarujá, pivô da condenação de Lula, e o ocupou por quatro horas, até serem expulsos pela Policia Militar. Sem o uso da força. Mas somente após o grupo ser ameaçado de prisão.

De acordo com a PM, os militantes forçaram o portão do Edifício Solaris e pularam as grades que protegem o prédio. Será registrado um boletim de ocorrência na Delegacia Sede da cidade do Guarujá, no litoral de São Paulo.

Durante a ocupação, outras 100 pessoas ficaram do lado de fora, na rua em frente do tríplex, protestando pacificamente. Eles exibiram bandeiras para protestar contra a prisão arbitrária de Lula. Os manifestantes se utilizaram das seguintes palavras de ordem: “Se o tríplex é do Lula, podemos permanecer. Se não é, por que ele está preso?”

Segundo Boulos, se pedirem a reintegração de posse, terão de soltar Lula imediatamente, por significar que o tríplex não é dele. Guilherme Boulos é considerado o herdeiro político de Lula, este o considera quase como um filho.

Após a prisão de Lula, permanece a questão sobre se existiu realmente uma prova concreta de que Lula seria o dono do tríplex. Sua condenação teria uma motivação política, visando impedir sua candidatura e possível vitória na eleição que acontecerá neste ano. Pois Lula era apontado como franco favorito nas próximas eleições. Ele e o candidato de extrema direita, Jair Bolsonaro, do Partido Progressista (PP), lideravam em todas as pesquisas de intenção de voto.

Outra questão é a condenação em tempo recorde, em 6 meses, enquanto um corrupto notório como Paulo Maluf, do PP, levou 50 anos protelando o julgamento para ser julgado em segunda instância e ter sua pena executada. Há também o caso do ex-governador de Minas Gerais, Eduardo Azeredo (PSDB), que levou 12 anos para ter sua pena executada, já próxima de prescrever. E a maioria dos presos da Lava-Jato tiveram sua pena executada nunca inferior a um ano depois de proferida a sentença. Tudo soa como perseguição política ao petista.

No caso do tríplex, o delator Léo Pinheiro, ex-presidente da empreiteira OAS, nem um pouco confiável, tentou incriminar Lula para reduzir sua pena, pois suas condenações se avolumavam – suas penas somam juntas 35 anos, sete meses e 23 dias -, e se dispôs a falar muito tempo depois de ter sido preso, sem nunca ter feito qualquer menção a ele antes.

Outro que se beneficiou da delação foi Renato Duque, ex-diretor da Petrobrás, que acusou Lula de ter conhecimento prévio sobre os casos de corrupção envolvendo a empresa estatal. As penas de Duque ultrapassavam 60 anos.

Até agora nenhum dos acusadores conseguiu realmente ligar o ex-presidente ao tríplex. O apartamento havia sido construído e reformado pela OAS, no suposto valor de 1,2 milhão, como forma de suborno. Lula chegou a visitar o apartamento, e foi fotografado dentro dele, mas não quis ficar com ele. O que não configura crime algum. Isso não lhe dá nenhum certificado de posse sobre o imóvel. O tríplex não está no nome de Lula e nem de ninguém da sua família.

A verdade é que Lula foi condenado a 12 anos e um mês de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, sem provas concretas. Baseado apenas em delações de criminosos como Pinheiro e Duque.

Um país que levanta a bandeira de combate à corrupção, mas que possui uma justiça partidária, que favorece uns em detrimento de outros por discordar desta ou daquela ideologia, que condena levianamente, não é digno da imagem de seriedade que tenta vender para alguns incautos que compram essa ideia e a propagam de forma acrítica e tola.

Sobre o autor:

Compartilhe este artigo:

O PROTESTO PELA LIBERTAÇÃO DE LULA, por Eduardo Fontenele