Os pontos cardeais são, a rigor, uma referência geográfica.
Útil para os navegantes e indispensável para a localização dos barcos à deriva pelos mares ignotos deste planeta atormentado em que vivemos.
Nenhum deles, entretanto, reflete a situação real dos valores culturais, políticos ou sociais da sociedade que se foram organizando nestas terras distantes.
“Norte e Sul” não são paradigmas culturais, porém indicação de localização no espaço deste planeta, posto descuidadosamente no cosmo a girar…
No Brasil, “Nordeste” é nada mais, nada menos do que um ponto cardeal. Os valores que lhe emprestamos, cultural, política e socialmente falando, são vazios de referência.
Ganha sentido, como qualificação do “Nordeste” brasileiro, o conjunto das suas tradições, a sua história, a sua importância política no conjunto de
de um país, formado de outros pontos cordiais — e de culturas que caracterizam o caráter e a profundidade da nossa “brasilidade”.
Ceará, Pernambuco, Piauí, Maranhão, Rio Grande do Norte, Paraíba, Bahia, Sergipe e Alagoas são mostra relevante da expressão política que fixa a imagem burocrática dos pontos cardeais, celebrados pela SUDENE…
Os nomes que os designam revelam as suas origens, os lugares, os povos, as culturas recebidas de dentro e de fora.
A quadratura deste círculo de imponderável ignorância desponta, por último, e se afirma, com o enquadramento dos vazios geográficos de uma variada topografia em um conglomerado contábil-ideológico a que os homens de governo chamam de “consórcio Nordeste”, nos moldes do ajuntamento da mídia que se auto-designou “consórcio”, na condição de intérprete solitária da verdade.
O professor Eduardo Diatahy explicou, com maior propriedade, estas sutilezas em um texto cuja leitura parece recomendada nestes sombrios tempos de tantas hesitações e temores.