A bolsa de valores caiu mais de trinta por cento nos quinze meses entre o início de 2015 e o primeiro trimestre de 2016. A partir daí, apesar de nada concreto e palpável o justificasse, a bolsa subiu mais de cinquenta por cento nos quinze meses seguintes. Quinze meses para investimento em ações é prazo curtíssimo. Os percentuais acima são do índice geral da Bovespa. Ações como as da Petrobrás e da Vale chegaram em períodos ainda mais curtos a subir mais de duzentos por cento. (Não se surpreenda se houver um solavanco para baixo).
A taxa de juros definida pelo Banco Central do Brasil estava em 14,25% com uma inflação anualizada encostada em 11% há um ano. Ou seja, o juro real era de uns 4%. O que temos hoje: juro de 10,25% para uma inflação inferior a 4% prevista para um ano. Ou seja, o juro real subiu e muito, para mais de 6%. (Será uma surpresa se o juro real cair de verdade).
O déficit primário (invenção especialmente feita para que os brasileiros ignorem o déficit total) que estava abaixo de 1% em 2014, subiu para algo como 2,5% em 2015 e ficou entre 1,5 e 2% em 2016. O que era o “fim do mundo” em 2014 virou paisagem nos dias correntes. Pouco se fala do assunto. Saiu da pauta dos economistas, da imprensa, do Parlamento e do Governo. A austeridade saiu de moda.
A taxa de câmbio estava em mais de quatro reais no início de 2016. Caiu rápido e encostou nos três reais em poucos meses, estimulando empregos nos outros países e provocando desemprego aqui entre nós. Quem trabalha e produz aqui neste país sente o drama. Quem especula…(Não se surpreenda se houver um solavanco para cima).
Havia ao final de 2014 uma sensação absoluta de que o país estava à beira do abismo, prestes a despencar no vazio infinito. Em 2015 essa sensação foi ampliada. Depois da mudança de guarda no Palácio, a sensação de crise foi recuando: a imprensa se acalmou e começou a falar em “retomada da confiança”, “paramos de piorar”, “ano que vem o crescimento pode voltar”. Mas nada se fez de concreto.
A prioridade total e absoluta passaram a ser as reformas. Mas as reformas nada têm a ver com crescimento a curto e médio prazo. Nenhuma dessas reformas aponta para crescimento da economia ou recuperação de empregos perdidos. Não custa lembrar que o ano de 2014 terminou com desemprego em torno de 5%.
O mercado, entretanto, está satisfeito. Diz que temos a melhor equipe econômica do mundo.
O Brasil está do jeito que o diabo gosta.