Novos nomes, velhos vícios, por Gilvan Mendes

A crise política em que o Brasil vive atualmente ajudou a consolidar uma abalo significativo na hegemonia de tucanos e petistas nos debates políticos, dando forças para o surgimento da obsessão por um ”Nome novo”. Em nível nacional, Luciano Huck parece ser o dono destetulo, com o potencial apoio de FHC e de outros membros do seu partido, temerosos com a baixa projeção eleitoral do atual governador de São Paulo Geraldo Alckmin. Em nível local, Capitão Wagner tenta mostrar ares de modernidade e ocupar este posto. Entretanto, se observarmos com atenção veremos que essas personalidades consideradas inovadoras repetem erros e posturas equivocadas tão danosas quanto a estrutura política corrupta e ineficiente que supostamente os dois querem combater.   

 O apresentador de TV Luciano Huck se orgulha de ter contato direto com a população brasileira por meio do seu programa semanal, verdade ou não, é fato que ele é popular e conhecido entre as camadas médias, o seu estilo ”bom moço” parece agradar o povão. Em uma fala sobre o seu partido, FHC disse que é necessário que os tucanos ”coloquem o ouvido no chão” e levem em conta os desejos da sociedade brasileira, parece que o ex-presidente acredita que Huck pode vir a ocupar esse espaço. Porém, afinal, o que Luciano Huck defende? Sua candidatura parece se basear unicamente em seu status televisivo, deixando de lado argumentos e programas de governo que possam porventura pavimentar a sua caminhada rumo ao Palácio do Planalto, conquistando racionalmente o voto da maioria dos brasileiros. Esse clássico exemplo de personalismo coloca em xeque uma possível boa administração do global, sem falar da sua inexperiência na vida política.

No Ceará, Capitão Wagner abalou as estruturas ao ser o vereador mais bem votado da história em 2012, com ideias inovadoras e nem sempre voltadas somente para a segurança pública. Tinha tudo para ser o grande nome da oposição ao governo Camilo Santana, se o tivesse rompido com Tasso Jereissati para demonstrar apoio a Jair Bolsonaro. Com a justificativa de que a sua militância voluntária também é fiel ao polêmico parlamentar carioca, Wagner adere sem pudor ao ”Bolsonarismo”, jogando fora qualquer fagulha de modernidade e moderação em sua plataforma eleitoral. Ao endossar Bolsonaro, o capitão concorda com o sujeito que acredita que a ditadura militar foi algo realmente bom para o Brasil, que não tem vergonha de se mostrar preconceituoso em diversas questões, além de claramente falar sobre assuntos que não domina e incentivar uma militância virtual e real pouco afeita ao diálogo político tolerante e respeitoso. É difícil imaginar algo mais atrasado do que isso. 

 Quem quer se apresentar como uma nova opção para o país, não pode repetir as falhas e contradições da velha ordem política brasileira.  

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