Realizarei análise da situação política de Sergio Moro, após o vazamento de mensagens pelo site The Intercept. Parto do pressuposto de que as mensagens são verídicas, principalmente pela postura inicial dos sujeitos de não negarem o conteúdo.
Após o vazamento inicial, havia a dúvida de qual postura Bolsonaro assumiria: se demitiria Moro ou se o defenderia. Inicialmente, o presidente se manteve distante, mas 3 dias depois abraçou de vez a defesa do ex-juiz. Importa destacar que Moro abriu mão do cargo na magistratura para ser político e que sua esposa divulgou no início de 2019 que estava “iniciando campanha para 2022”, o que indica que seu marido tem pretensão de se lançar a de presidente da República, penso. Havia também a possibilidade de ele ser indicado ao STF, mas isso é cada vez menos provável, pois a fama do ex-juiz no meio jurídico vai de mal a pior.
Por outro lado, Bolsonaro já teve conversa vazada em que deixava implícito que (já!) pensa em reeleição. Ora, isso indica que talvez eles venham a ser adversários no futuro. Por qual motivo então Bolsonaro não aproveitou o cenário atual para jogar Moro aos leões?
A resposta pode ser a seguinte: Moro ficou muito poderoso após a Lava-jato e isso o torna um dos pilares do governo Bolsonaro, tomado por pessoas birutas. Apesar de estar sofrendo diversos desgastes, a imagem de Moro ainda é muito melhor do que a de seu chefe. Dessa forma, entendo que esse episódio tira poder de Moro, diminui sua margem de manobra no governo, mas não liquida sua reputação política. Com isso, Bolsonaro passa a ter ao seu lado – e lhe devendo um favor – uma pessoa com enorme prestígio na sociedade. E o melhor: até quando ele quiser. Por outro lado, Moro, sabendo de seu deslize no meio jurídico, vai apostar todas as suas fichas na política. Não à toa, abriu mão de seu estilo discreto e foi ao estádio no jogo do Flamengo experimentar um pouco de populismo.