Incertezas e a queda do segundo grau de investimento, por Ricardo Coimbra

Aconteceu o esperado, as instabilidades políticas e econômicas levaram à queda de mais um grau de investimento. Agora, fora a agência de classificação de risco Fitch, que seguiu a Standard & Poors – que o fez em setembro –  falta apenas a Moody’s. Sendo este o segundo rebaixamento de nota brasileira feito pela Fitch em apenas dois meses.

A redução agora fora do nível BBB- para BB+, e ainda com uma perspectiva negativa. Não pode ser mais considerado como bom pagador e seguro para investir. Estando agora no primeiro degrau do que é considerado grau especulativo. Contudo, a situação ainda pode ficar pior, pois a Moody’s, a única agência ainda a manter o grau de investimento, colocou em 9 de dezembro a nota em revisão para possível rebaixamento, indicando que ela pode ser reduzida a qualquer momento.

Para a agência o processo recessivo é mais profundo do que o previsto anteriormente, e a dificuldade em relação ao quadro fiscal, bem como o aumento das incertezas políticas, em função do andamento do processo de impeachment, fazem com que a capacidade do governo de estabilizar a dívida fique mais remota. Pois a anunciada queda do superávit de 0,7% para 0,5% do PIB, e a sua possível redução a zero, pode levar a uma queda do ministro Levy, a única via de resistência de controle fiscal vista pelo mercado.

Diante desse cenário, o rebaixamento da nota ainda pode ter diversos efeitos sobre a economia, como: a cotação do dólar, a dívida do país e o financiamento das empresas. Onde as oscilações no mercado cambial devem permanecer com tendência a elevação à medida que parte de fundos não poderão permanecer no país em função de regras que não permitem aplicações em países considerados especuladores. Propiciando também em aumento no custo das emissões de títulos do Brasil no exterior, além de afetar o rating das empresas, principalmente, as listadas na BMF Bobespa, que emitem títulos, valores mobiliários e que necessitam ter uma boa avaliação para captar recursos mais baratos.

 

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