GETÚLIO TREME NO TÚMULO

Quando jovem, muito jovem e estudante em Recife, recebi das mãos de Francisco Julião, advogado, líder das Ligas Camponesas de Pernambuco, o Decreto que instituiu o Salário Mínimo no Brasil. Dizia mais ou menos assim: o salário mínimo deve ser o suficiente para manter uma família de 6 pessoas com alimentação (tantos quilos de banha, carne, toucinho, batata … , tantos litros de farinha de mandioca, feijão … , tantas rapaduras … , habitação, vestuário, transporte e educação.

 

Acabo de pesquisar minuciosamente no Google a história do salário mínimo e encontrei de tudo, menos essas informações, com a linguagem e os parâmetros da época.

 

Os dados mais aproximados foram: “Por ocasião de grande concentração no estádio Vasco da Gama, no Rio de Janeiro, e sob os aplausos de mais de 40 mil trabalhadores, o presidente Getúlio Vargas assinou o decreto que institui o salário mínimo em todo o país.”

 

A informação continua: “Apesar do Decreto-Lei 2.162 ter sido assinado em 1940 só entrou em vigor dois anos depois e estudos indicavam a necessidade de uma remuneração mínima para cobrir despesas mensais com alimentação (55%), habitação (20%), vestuário (8%), higiene (10%), transporte (7%), tomando-se por base uma família de dois adultos e duas crianças”.

 

Imagine uma família de quatro pessoas da classe social média e faça a matemática das despesas conforme os percentuais acima.

 

Fiz pesquisa com 5 pessoas: 2 taxistas e 2 consultores comerciais e 1 pessoa de telemarketing. A média foi R$ 2.650,00.

 

Com a promulgação do salário mínimo de R$ 1.045,00 há um déficit de R$ 1.605,00. O trabalhador morre de fome e o presidente Getúlio Vargas treme de vergonha no caixão.

 

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