O cenário do mercado de imóveis vem mudando de forma significativa nos últimos tempos. Onde, anteriormente, era comum ter valorizações ao longo dos anos no valor dos imóveis, agora a perspectiva é de retração dos preços ou crescimento do valor abaixo da inflação, proporcionando uma desvalorização real.
Esse cenário leva a crer que os imóveis, de um modo geral, não devem ser considerados um bom investimento por um bom tempo. Existe hoje uma dificuldade muito grande de vender novos imóveis. Partes significativas das grandes cidades, em função da facilidade do crédito, teve muita especulação e agora pagam o preço na conjuntura econômica atual.
Alguns fatores podem definir essa retração: juros elevados nas aplicações financeiras; restrições de crédito e juros do financiamento imobiliário; desemprego e inflação.
Houve a elevação da taxa Selic ao patamar de 14,25% a.a, e a perspectiva é de que irá permanecer em patamar elevado ainda por um tempo significativo. Isso faz com que diversas aplicações financeiras proporcionem rendimentos acima da inflação. Quem pensa em comprar, adia a decisão para deixar o dinheiro rendendo por mais tempo e, assim, conseguir dar um valor de entrada maior.
Por outro lado, a mesma elevação provoca novas restrições ao crédito e o crescimento dos juros do financiamento. Ou seja, faz com que o imóvel fique mais caro para financiar, e a prestação mensal a pagar mais elevada dificulta o orçamento das famílias. Junta-se a isto o crescimento do desemprego, que já beira os 8%, e faz com que as pessoas fiquem mais retraídas em face de novos endividamentos. E a inflação deteriora o valor real do bem.
Estes fatores elevam os estoques das construtoras e geram crescimento de desistências, adiamentos e distratos, levando a crer que esse cenário ainda pode piorar para os próximos anos e gerar uma forte queda real do preço dos imóveis. Pode levar os preços a patamares de cinco a dez anos atrás em termos reais.