Perto da virada do calendário para o terceiro milênio foi feita uma eleição entre milhares de intelectuais para escolher a personalidade mais impactante na história da civilização. Guttemberg, que inventou a máquina impressora na virada do século XV para o XVI foi o vencedor.
Sua inovação colocou os livros mais diversos ao alcance de milhões de pessoas, ele democratizou o acesso ao conhecimento. A educação e a população ganharam ferramentas, as igrejas perderam seu monopólio do saber.
É assim que acontece sempre que um novo meio de comunicação chega ao mercado. Depois dos livros, vieram os jornais impressos (séculos XVIII e XIX). Com o rádio (década de 1920) os editores chegaram às grandes massas. O rádio contou quase ao vivo a história da segunda grande guerra, além de acompanhar avanços positivos. A televisão chegou poucas três décadas depois (anos 1950) e tomou conta das atenções, foi como se levasse o cinema para dentro dos lares. Nos últimos trinta anos, foi a vez da revolução da tecnologia da informação. Computador, internet, redes, smart phones, quase tudo que se sabe ao alcance de quase todos em texto, áudio e vídeo, na mão e na tela, em tempo real e a baixo custo relativo. De fato, indiscutivelmente, uma revolução.
A palavra revolução carrega também a ideia de romper com as regras, romper com o passado, mudar brusca e radicalmente. O fato de que se passaram três décadas e houve um processo de evolução não diminui o impacto. Sim, impacto bem maior que dos outros veículos (livro, jornal, rádio, televisão), mais profundo e mais abrangente. Nada será como antes. E a mudança segue veloz: realidade ampliada, metaverso…
A palavra impacto também tem nuances. Há os positivos, há os negativos. E da mesma forma que podemos frear alguns, devemos potencializar outros. As relações de trabalho vão mudar, os empregos serão diferentes, o comportamento pessoal vai se alterar profundamente, o serviço público terá desafios enormes, a educação e a saúde exigirão adaptações radicais…
O fato é que nem as pessoas, individualmente, nem o conjunto da sociedade, estavam atentas a essas nuances. Nunca é tarde para aprender, entretanto. Este é o desafio da educação. Todas as gerações precisam aprender. E já. E juntas.
Pais e professores precisam mergulhar nesse novo mundo eles próprios, para entender com profundidade cada uma dessas nuances. E também precisam conversar e negociar livremente as possibilidades e limites de uma educação tecnológica partilhada entre família e escola.
E não há tempo a perder. O poder público, talvez através das universidades, tem um papel de orientar e facilitar o processo.