A inflação que dispara, por Ricardo Coimbra

A inflação de outubro em 0,82%, segundo o IPCA, deixa sinais de que a política monetária de juros elevados pelo Banco Central não está surtindo efeito. Deixa claro que a inflação que vivenciamos hoje não é apenas uma inflação de demanda. O acumulado dos 12 meses já chega a 9,93% e nos 10 primeiros meses em 8,52%, a mais alta desde 1996.

O crescimento de outubro se deve, principalmente, ao crescimento do preço dos combustíveis. E o pior é que, além da gasolina que subiu 5,05% e do diesel em 3,26%, teve-se uma forte elevação dos preços do etanol de 12,29% em pleno período de safra. Este último, influenciado primacialmente pela crescente demanda dos derivados da cana, como o açúcar e o etanol.

Contudo, não foram somente os combustíveis, parte significativa dos preços dos alimentos subiu em outubro. O frango se destaca com uma elevação de 5,98%, seguido pelo açúcar de 4,43%. Se analisarmos no acumulado dos 12 meses encontramos diversos produtos com elevação bem acima de dois dígitos, como: o alho com 41,83%, Carnes com 17,16%, Hortaliças e verduras com 14,77%, Tempero misto com 14,36%, Café da manhã com 13,44%, Cerveja com 12,47%, Lanche com 11,59% dentre outros.

Fato importante a se observar é que outros preços também vêm subindo forte ao longo dos 12 meses, mostrando que o problema não é pontual e sim generalizado. A energia elétrica residencial, em função da reordenação dos preços do segmento, autorizada pelo governo, chega ao patamar de 52,30%. Os gastos em gás de cozinha já acumulam 21,81%. Juntam-se a isso também os planos de saúde que chegam a 11,50%. Quanto aos artigos de residência, a parte de cama, mesa e banho já chega em 11,10%. E ainda temos o transporte público com 10,24%, despesas pessoais com 9,59% e os gastos com educação em 9,06%.

Levam-nos a crer que a política de controle da inflação não deve se concentrar apenas na elevação de juros, e que o Ministério da Fazenda deve aperfeiçoar outros mecanismos ao longo dos próximos ciclos para reverter à possibilidade de inflação inercial, que já atormenta alguns consumidores.

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