O ballet da equipe econômica e o jogo de mãos do Ministro, por Capablanca

A equipe econômica foi saudada pela imprensa, pelos jornalistas e pelos economistas “de mercado” como o time dos sonhos (dream team). Os perna-de-pau da esquerda foram retirados de campo e entraram os craques da direita. Pronto, tudo se resolveria. A confiança voltaria, o grau de investimento seria recuperado, os superávits fiscais retornariam, os investimentos voltariam, o crescimento econômico seria retomado, e os empregos seriam repostos. Isso era o que se vendia em maio de 2016.

De lá pra cá, o que se vê é o movimento de mãos do Ministro Henrique Meirelles, que parece sempre estar fazendo algum tipo de ballet para os fotógrafos. As ideias são pobres, coitado, ele só sabe dizer obviedades, embora o faça com pose. Entretanto, mãos e braços se movimentam com rara leveza. Mãos e braços estão sempre à frente e acima de tudo, das ideias e das ações.

O presidente do Banco Central Ilan Goldfajn recusou-se a confirmar que a inflação tendia a zero. Poderia ter entrado para a história como o cara que disse “zeramos a inflação”. Bastava ele ter dito que a inflação tendia a zero e confirmasse o fato para todo o mercado com a taxa Selic. E a inflação tenderia a zero. Pode ser que a inflação continue tendendo a zero e ele recuse-se a chancelar o fato. Mas a recessão e o pessimismo são tão grandes e a política econômica tão inerte que, apesar de tudo, a inflação pode encostar no zero em dezembro. E o presidente do Banco Central vai ter que explicar um dia como e porque os juros continuaram tão altos, em alguma “lava-jato” do futuro.

O desastre da dupla dinâmica é monumental também na questão fiscal. O Banco Central queima centenas de bilhões de reais com juros desnecessários e inúteis (e outras perdas em transações com o sistema bancário privado) e o ministro da Fazenda não controla nada dos gastos e não melhora nada na arrecadação. Os pernas de pau da esquerda encerraram 2014 com déficit de 22 bilhões e foram triturados por isso. O “dream team” vai com previsão de 160 bilhões e…tudo bem.

Desemprego e subemprego rondam os 24 milhões de brasileiros. Agora, com a reforma trabalhista, emprego, desemprego e subemprego ficarão muito parecidos.

Tudo indica que todo o poder público, a começar pela ‘super equipe econômica’, está de braços cruzados, está e vai continuar assim, até que as tais “reformas” que o mercado exige sejam implantadas. Como já foi dito por aí, eles acreditam que, fora as reformas, o melhor a fazer é não fazer nada. Enquanto isso…

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