VOCÊ É MESMO ANTIFASCISTA? – Por Carlos Gildemar Pontes

Não há neutralidade possível quando o assunto é lutar contra o fascismo. Deixe-me falar um pouco sobre o Antifascismo. Pessoal, ser antifascista não é um rótulo ou um banner que se cola no perfil para representar a sua identidade política. Ser antifascista exige compreender história – História sobre o Fascismo – e a sua própria história de vida.

Começo perguntando em quem você votou nas últimas eleições? Se você votou no Bolsonaro, por favor, não passe vergonha dizendo que é antifascista. Você é antivergonha. Se você votou em Amoedo, Alckmin, Meireles, Marina, você não é antifascista. Se votou no Ciro, você está na corda bamba entre o ódio ao Bolsonaro e o ódio ao PT. Se votou no Haddad, você não votou porque havia uma proposta, votou porque ele era o candidato do Lula e ponto final. Lula estava preso. A mídia estava esfolando o Lula. A esquerda estava pedindo Lula Livre e o maniqueísmo fez você achar que só Haddad era a solução contra Bolsonaro. Você ainda não é antifascista raiz. Faltou o Boulos. Esse era o único antifascista disputando, por razões óbvias, partidárias e pela postura. O PSOL nunca se aliaria ao PSL em qualquer circunstância, o PT do Lula, está fazendo dobradinha em, pelo menos, cinco cidades pelo Brasil. Então, os antifascistas da esquerda que se misturam com toda praga para governar são somente antifascistas de ocasião.

Agora, todo mundo que não votou no Bolsonaro diz que é antifascista. Putzs! Não! Todos os partidos atrelados ao Bolsonaro não são fascistas, alguns são parasitas do sistema. E tanto faz ser um fascista no poder, governando, como um petista, esses partidos adesistas vão parasitar do mesmo jeito, fizeram isso com Lula e agora com o atual governo. Nem todos os partidos que estão contra Bolsonaro são antifascistas. Alguns são bons na arte de enganar a sua militância. Seus líderes são a versão palatável do populismo mais atrasado. E você, porque é ligado à tendência tal e qual de um partido de esquerda ou de uma instituição mais comprometida com a sociedade, se julga um Che Guevara do teclado. Saiba de uma coisa simples, você é um bom papagaio das redes sociais. As torcidas organizadas que foram para a rua, os anarquistas que foram para o enfrentamento, estes sim, são antifascistas. Eles se arriscaram diante do Coronavírus, mas entrarão na história de um país tão pobre de lutas e tão rico de neymares escroques de um bando de alienados.

Se você se ofendeu, pelo meio do texto, porque eu sugeri que quem aceita os corruptos em nome da governabilidade da esquerda ou da direita não são antifascistas, vá amolar as pedras. Quando os calos das mãos estiverem prontos para responder à dor da fome ou à indignação pelas vidas negras ceifadas todos os dias, e der vontade de imitar os oprimidos americanos, que reagem ao fascismo de lá sem medo de se queimarem, você poderá ser batizado como antifascista. Até lá, estude! Lembro aos antifascistas de ocasião que esta é uma opinião que não quer ser única e aceita o contraditório.

 

Carlos Gildemar Pontes

CARLOS GILDEMAR PONTES - Fortaleza–CE. Escritor. Professor de Literatura da Universidade Federal de Campina Grande – UFCG. Doutor e Mestre em Letras UERN. Graduado em Letras UFC. Membro da Academia Cajazeirense de Artes e Letras – ACAL. Foi traduzido para o espanhol e publicado em Cuba nas Revistas Bohemia e Antenas. Tem 26 livros publicados, dentre os quais Metafísica das partes, 1991 – Poesia; O olhar de Narciso. (Prêmio Ceará de Literatura), 1995 – Poesia; O silêncio, 1996. (Infantil); A miragem do espelho, 1998. (Prêmio Novos Autores Paraibanos) – Conto; Super Dicionário de Cearensês, 2000; Os gestos do amor, 2004 – Poesia (Indicado para o Prêmio Portugal Telecom, 2005); Seres ordinários: o anão e outros pobres diabos na literatura, 2014; Poesia na bagagem, 2018; Crítica da razão mestiça, 2021, dentre outros. Editor da Revista de Estudos Decoloniais da UFCG/CNPQ. Vencedor de Prêmios Literários nacionais. Contato: [email protected]

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CARLOS GILDEMAR PONTES - Fortaleza–CE. Escritor. Professor de Literatura da Universidade Federal de Campina Grande – UFCG. Doutor e Mestre em Letras UERN. Graduado em Letras UFC. Membro da Academia Cajazeirense de Artes e Letras – ACAL. Foi traduzido para o espanhol e publicado em Cuba nas Revistas Bohemia e Antenas. Tem 26 livros publicados, dentre os quais Metafísica das partes, 1991 – Poesia; O olhar de Narciso. (Prêmio Ceará de Literatura), 1995 – Poesia; O silêncio, 1996. (Infantil); A miragem do espelho, 1998. (Prêmio Novos Autores Paraibanos) – Conto; Super Dicionário de Cearensês, 2000; Os gestos do amor, 2004 – Poesia (Indicado para o Prêmio Portugal Telecom, 2005); Seres ordinários: o anão e outros pobres diabos na literatura, 2014; Poesia na bagagem, 2018; Crítica da razão mestiça, 2021, dentre outros. Editor da Revista de Estudos Decoloniais da UFCG/CNPQ. Vencedor de Prêmios Literários nacionais. Contato: [email protected]