VIVA SÃO CAPITALISMO, O PADROEIRO DOS ENDIVIDADOS

Amigos, tenho amigos que não reconhecem o humano que há em nós, que classificam a nossa humanidade pela cor, pela religião, pela raça e pelo sexo.

Tenho ainda os que não aceitam a união de pessoas do mesmo sexo. Dizem ser uma abominação. A simplicidade em resolver este problema está na sua frente. Não aceite casar, viver, namorar com pessoa do mesmo sexo, mas deixe de mão e respeite quem quer.

Até o “Santo Padre”, Francisco, já abençoa. Eu, nestas horas, penso no que diria Jesus. E ouvi de dois pastores por quem tenho muita admiração apregoarem em suas falas que Jesus não classificava as pessoas por serem putas, gays, pretos, pobres, excluídos de toda a sorte. Não, ele não os classificava segunda as suas “desimportâncias” para o estado. Eram todos seres humanos.

Esses que condenam os desclassificados sociais, no entanto, são a favor da pena de morte, da exclusão dos programas sociais e têm uma verdadeira fascinação por armas, milicianos e trogloditas. Para eles, Deus autoriza matar. Qual o propósito da religião neste contexto? O que seguir? Como nesta diversidade de interpretações validar ao mesmo tempo Francisco, o papa, e seguidores da Santa Inquisição? Dom Hélder e Reginaldo Manzotti, Júlio Lanceloti e Marcelo Rossi… e ainda tem o pop star Fábio de Melo. Sem falar em pastores e bispos evangélicos que são a escória da religião, porque perderam a “jesusificação” do homem em Deus.

E, mesmo assim, cultivamos a tradição da árvore de natal, da majedoura, da troca de presentes, da comilança e beberagem. Imagino o Natal das favelas e das regiões que alagam e desmoronam com as chuvas, geralmente depois do Natal. Todos agradecem a Deus, fazem suas orações e se preparam para, na primeira enchente e deslizamento de morros, serem soterrados.

Aí vêm as autoridades se compadecerem e, em nome de Deus, pedem clemência para os mortos. Não fosse uma tragédia anunciada e recorrente, seria simplesmente patética a cena.

Não sei onde ficam as divindades neste momento. Certamente tiram férias para deixar que a energia do consumo consuma as mentes e os corações algoritimizados pelo pix e pelo cartão de crédito.

Viva São Capitalismo, o padroeiro dos endividados!

Carlos Gildemar Pontes

CARLOS GILDEMAR PONTES - Fortaleza–CE. Escritor. Professor de Literatura da Universidade Federal de Campina Grande – UFCG. Doutor e Mestre em Letras UERN. Graduado em Letras UFC. Membro da Academia Cajazeirense de Artes e Letras – ACAL. Foi traduzido para o espanhol e publicado em Cuba nas Revistas Bohemia e Antenas. Contato: [email protected]