Imagine que um especulador esperto seja, por alguns desses sortilégios do mercado financeiro, capaz de prever que a Bolsa de Valores vai subir uns trinta por cento e o dólar vai cair uns vinte por cento. E que isso vai acontecer no curto espaço de trinta dias.
Bem, isso é um absurdo. Não há razões para uma bolsa subir tanto. Também não há razões para uma taxa de câmbio despencar tão violenta e rapidamente. Não faz sentido.
Acontece que isto aconteceu no Brasil, mais ou menos nessas dimensões e mais ou menos neste prazo, quando a taxa de câmbio variou entre pouco abaixo de cinco e ao ível de seis reais e a bolsa de valores subiu quase trinta por cento,
Se o especulador é estrangeiro ele ganha duas vezes. A primeira na alta da bolsa. A segunda na queda da taxa de câmbio, admitindo que ele vai levar o dinheiro de volta para seu país de origem.
Essa hipótese é só uma espculação, claro, mas o mercado financeiro é mesmo cheio de sortilégios e as instituições financeiras estão lotadas de “experts” muito espertos. E as autoridades econômico-financeiras atualmente são “gente do mercado”.
Essas ideias soltas ocorrem quando todos leram que o Brasil estava lucrando 500 bilhões de reais (isso mesmo, meio trilhão de reais) com a alta do dólar de 5 para 6 reais (aumentando o valor das reservas cambiais do país). E ninguém sabia o que fazer com tanto dinheiro. Calma: esse dinheiro é apenas contábil, não foi ganho de fato. Até porque quando a imprensa começou a especular o que seria feito com os 500 bilhões, o dólar caiu abaixo de 5 reais de novo. Vapt-Vupt.
Os 500 bilhões do governo não se materializaram mas as especulações e os especuladores espertos, estes sim, realizam seus lucros.
Lembram da “ciranda financeira” dos anos 1980 e 1990? Pois é. O Brasil avançou e chegamos lá. O mercado está do jeito que o diabo gosta. Viva Paulo Guedes!