Uma reflexão sobre a educação das crianças O machismo reproduzido na educação, nos brinquedos e nos contos de fada

Na época feudal as mulheres camponesas, em sua maioria, tinham um vasto conhecimento medicinal, pois se conectavam muito bem com a natureza. Elas sabiam manipular as ervas no que conhecemos hoje como medicina popular e eram chamadas de curandeiras. 

A mulher tinha a sua autonomia e inteligência reconhecida. Muitas eram também agricultoras. Algumas eram artesãs e outras parteiras. Com a transição do Feudalismo para o Capitalismo, os camponeses não mais se orientavam pelo sol ou pela lua para deduzirem o tempo da produção. Eles passaram a ser conduzidos pelo tempo do relógio, tornaram-se máquinas ou passaram a ser vistos como tal e a serem orientados pelos minutos do medidor. Os camponeses se transformaram em trabalhadores controlados pela máquina, pela indústria e pelo Estado. 

    A condição da mulher piorou muito com essa transição, uma vez que na época feudal ela tinha direito à terra, trabalhava como agricultora, lavradora, parteira, curandeira e por isso mesmo detinha poder sobre o seu corpo, gozava de autonomia. Com o advento do capitalismo, ela ficou sem terra devido à privatização da mesma, precisando se deslocar para a cidade, ficando à mercê dos direitos e à margem da sociedade.  O Estado aproveitou-se da situação e apropriou-se do corpo da mulher, colocando-o como uma máquina de reprodução da mão de obra para o sistema. Dessa forma, o Estado e as Instituições religiosas iniciaram um discurso de criminalização do controle reprodutivo.

    Foi assim que nasceram a sociedade patriarcal, a propriedade privada, a família e o capitalismo, numa ótica estrutural de poder e dominação sobre as mulheres, causando uma cruel desigualdade.

    Com o advento do capitalismo que instigou a criação da propriedade privada e a família, surgiram as definições de papéis dos gêneros na sociedade. Ao homem cabia o estudo, a pesquisa, o trabalho para o sustento da família e a total liberdade. À mulher cabia o lar, os cuidados com o marido, com a prole e administração da casa com os e as auxiliares de serviço. Estudo? Nem pensar.

    Quando as crianças iam nascendo, elas já tinham a sua função social, como se fosse o seu segundo registro de nascimento. As meninas usariam vestidos com meias e sapatos, além de fitas no cabelo. Seriam bem comportadas, brincariam de bonecas e casinha. Na juventude casariam e formariam uma família e dariam à luz outras crianças comportadas (se fossem meninas). Os meninos usariam calções e camisas com suspensórios, meias e sapatos. Brincariam com outros meninos escravos, fazendo-os de cavalos, explorando as suas costas, subiriam em árvores, matariam passarinhos com suas baladeiras. Mais tarde eles estudariam e casariam para continuar a reprodução do patriarcado.

    Nós atravessamos alguns séculos e aqui estamos em pleno século XXI. Avançamos na ciência, na tecnologia, mas continuamos atrasados na ética e moral. Construímos cartas, declarações, constituições e lutamos pela liberdade. Porém, ela continua presa dentro de nós. O sistema político reproduz as velhas práticas coloniais e influencia a cultura dos povos. O mundo parece dividido em cores: para meninos e para meninas.

    Antes mesmo de nascer a família, decora o quarto da criança em cor azul se for menino e cor rosa se for menina. É como se a cor determinasse o gênero ou a orientação sexual da criança. Quando o sexo da criança não aparece, decora-se o quarto com uma cor neutra (para o gênero) como o amarelo clarinho (já que o sujeito está oculto ou indeterminado).

    COR NÃO DEFINE GÊNERO OU ORIENTAÇÃO SEXUAL. COR É APENAS COR. 

    Ao menino tudo pode, até mesmo fazer xixi na rua, para crescer e achar que pode colocar o pênis de fora e fazer o seu xixi em esquina.

    As prateleiras de lojas de variedades e brinquedos estão recheadas de machismo inconsciente, resultado da reprodução que vimos realizando ao longo dos séculos. A sessão de menina tem bonecas (brancas) para incentivar o racismo, ainda que seja de forma inconsciente, cozinha, panelinhas, conjunto de xícaras, bambolê, carros de boneca com a boneca, eletrodomésticos infantis, bonecos para serem maridos das bonecas. Todos os produtos convergem para o lar. 

    Na sessão de menino tem uma imensidão de brinquedos: Quebra-cabeças, lego, dama, dominó, vai e vem, bola, xadrez, locomotivas, motos, armas, espada, guitarra, violão, pandeiro, sanfona, avião, cavalo, monstros e super heróis. Todos os produtos são um convite ao desenvolvimento do raciocino lógico, da liberdade e até da guerra.

    A violência doméstica perpassa pela dominação de gênero. Nós precisamos falar sobre feminismo para a infância. Quando a menina escolhe um carro para brincar, não quer dizer que ela quer ser menino, mas talvez apenas uma aspiração de uma mulher independente economicamente e autônoma. Quando o menino brinca de bambolê com outras meninas não quer dizer que ele quer ser menina, mas talvez apenas goste da companhia das amigas e por isso mesmo não veja a desigualdade na escolha do brincar.

    LEMBRENOS SEMPRE QUE O PROBLEMA DO JULGAMENTO É DO ADULTO, É NOSSO E NÃO DAS CRIANÇAS.

    Os contos de fadas também precisam ser dialogados e questionados. Há sempre um final feliz e percebam que a princesa ou plebeia é sempre salva por um Príncipe que lhe dá uma nova vida cheia de amor e luxo. Os contos de fadas condicionam a felicidade da mulher a um homem que está sempre posto a lhe proteger e lhe salvar.

    É necessário deixar claro para a menina que quem poderá lhe proteger além de sua família é ela mesma quando crescer. É ela que deverá estudar para ter a sua independência, liberdade, realizar os seus sonhos, ser dona da sua própria vida e decidir quem vai poder entrar nela. E, se não quiser casar e ter filhos não vai ter problema nenhum. Muitas mulheres, inclusive cientistas, escolheram se dedicar à vida profissional. É natural.

    Outra coisa bem interessante: Os meninos nunca leem os contos de fada. O sonho romântico de amor é uma construção para mulheres. Eles também deveriam ler, para treinarem ser bons companheiros ou esposos e não apenas bons filhos.

 

    NÓS PRECISAMOS TRABALHAR OS PRÉ-CONCEITOS QUE NÓS ENQUANTO SOCIEDADE CRIAMOS. TODOS OS BRINQUEDOS PODEM SER PARA OS GÊNEROS.

    HÁ MULHERES AVIADORAS. TALVEZ TENHAM BRINCADO DE AVIÃO OU APENAS DE BARBIE.

    HÁ MULHERES QUE JOGAM FUTEBOL E SÃO HETEROSSEXUAIS.

    HÁ HOMENS QUE COZINHAM, SÃO EXCLENETES CHEFS E SÃO HETEROSSEXUAIS.

 

Fonte:

file:///C:/Users/comtec/AppData/Local/Temp/25399-81636-1-PB.pdf

 

Livros para despertar a mulher e fortalecer o feminismo

Lições de Maria

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Anti princesas

https://www.facebook.com/editorialchirimbote?fref=ts

 

Maria de Fátima Araújo Teles

Historiadora, Assistente Social,Pedagoga Especialista em Direitos Humanos e Psicopedagogia Institucional Professora Formadora da Área de Ciências Humanas do Ensino Fundamental II da Secretaria Municipal de Educação de Brejo Santo Escritora e Poeta Membro da Academia de Letras do Brasil, Secção Ceará

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Maria de Fátima Araújo Teles

Historiadora, Assistente Social,Pedagoga Especialista em Direitos Humanos e Psicopedagogia Institucional Professora Formadora da Área de Ciências Humanas do Ensino Fundamental II da Secretaria Municipal de Educação de Brejo Santo Escritora e Poeta Membro da Academia de Letras do Brasil, Secção Ceará