Um olhar sobre eleições, polarização política e valores individuais

O comentário a seguir aborda a publicação do professor Rui Martinho sobre as eleições americanas. Acredito que o texto valoriza o assunto, entretanto deixa de lado fatores essenciais para que a compreensão possa se tornar mais ampla, mais funda. Na crítica a seguir estou a focalizar somente o direito básico da proteção de valores de cada cidadão, deixando de fora a clara discrepância entre os dois partidos (Republicano e Democrata) sobre o melhor interesse de seu povo.

Não costumo debater opinião em redes sociais, mas o argumento apresentado reflete somente parcela da realidade, da atual situação nos Estados Unidos. Moro aqui há 6 anos, e vi a mudança de comportamento da sociedade na transição de uma gestão Democrata para uma gestão Republicana. O partido Democrata é, sim, justamente acusado de um extremismo de esquerda, mas isto representa uma minoria insignificante do partido, que por si só não direciona ou consegue influenciar planos ou passar legislação que chegue a modificar uma sociedade tão ativa como a que os EUA têm. O partido republicano claramente toma vantagem de uma base de votos que em sua grande maioria vem de partes do país com acesso precário à educação e de uma máquina de propaganda que usa o medo como arma de manipulação, para incitar sua base a combater um inimigo inexistente. A atual administração abalou não só a sociedade, juntamente com sua economia, mas também banalizou o respeito pela decência de seus cidadãos e sua liberdade de ter ideais diferentes de compatriotas. Esse argumento manco que vem sendo usado (de valores e ideais conservadores) é de uma fragilidade sem igual. Em qualquer sociedade de estado laico, onde a liberdade de expressão é garantida como um direito, os valores devem ser individuais. A imposição de valores sobre qualquer visão de um grupo que venha a diferir (e divergir do outro) vai violar o direito básico de liberdade. Todos, sem exceção, têm o direito de preservar seus próprios valores, mas ninguém tem o direito de impor seus valores a outros. O que a dualidade futilmente polarizada de partidos dessa democracia está gerando. Duas partes, que não se interessam, não se concentram e não se empenham no benefício de seu povo,  e, sim, na estúpida briga por valores e ideais que, no fundamento, deveriam ser pacíficos, porque, depois de tanto tempo, podem ser considerados universais.

Victor Brasil

Graduado em Negócios Internacionais com especialização em Gerenciamento Esportivo pela Linfield University.

Mais do autor

Victor Brasil

Graduado em Negócios Internacionais com especialização em Gerenciamento Esportivo pela Linfield University.