Um novo “New Deal”, desta vez global, propõe órgão da ONU

No contexto do impasse econômico, explicado com abundância de informações no relatório de 2017 da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad), a instituição propôs aos 193 países integrantes da ONU um acordo mundial para a recuperação da economia e das sociedades assoladas pela crise crônica.

No documento intitulado Beyond Austerity: Towards a Global New Deal (Além da Austeridade: Rumo a um New Deal Global), divulgado em setembro, a instituição postula uma mudança de lógica.

“A agenda neoliberal foi desafiada nos últimos anos. A crise financeira de 2008 foi o desafio mais óbvio, mas também a fraqueza da recuperação pós-crise. Mas você só pode avançar se tiver uma narrativa alternativa. É trabalho de uma instituição como a Unctad elaborar uma agenda alternativa para os formuladores de políticas em nível nacional”, analisou Richard Kozul-Wright, diretor da Divisão de Estratégias de Globalização e Desenvolvimento, no lançamento do trabalho.

O New Deal inspirador da proposta é o mais famoso e bem-sucedido esforço de uma sociedade para se recuperar de uma crise, no caso a Grande Depressão dos anos 1930 nos Estados Unidos. Proposto e liderado pelo presidente Franklin Delano Roosevelt, reformulou a relação entre a economia, a sociedade, as instituições e os seus cidadãos e influenciou o resto do mundo.

“Muitos dos desequilíbrios e desafios da década de 1930 têm seus análogos em desequilíbrios e desafios hoje”, compara Kozul-Wright. “Insistir no caminho atual só aumentará as dificuldades, pois, mesmo quando um país consegue crescer através de um aumento do consumo doméstico, de um boom imobiliário ou de exportações, os ganhos são desproporcionalmente acumulados por uns poucos privilegiados. Ao mesmo tempo, uma combinação de muita dívida e pouca demanda em nível global dificulta a expansão.”

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SEGUNDA OPINIÃO é um espaço aberto à análise política criado em 2012. Nossa matéria prima é a opinião política. Nosso objetivo é contribuir para uma sociedade mais livre e mais mais justa. Nosso público alvo é o cidadão que busca manter uma consciência crítica. Nossos colaboradores são intelectuais, executivos e profissionais liberais formadores de opinião.

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