três poemas para dias tristes – Por jair cozta

se não vier pleno e intenso despido de medos e se não vier no instante, no it, percorreu tão somente meio caminho ao coração. do resto já não sei e ando desaprendendo a viver porque só agora entendi a vida e nada do que nos falam é ela. em verdade, estou reaprendendo o começo de tudo. incerta como a chuva, incerta como meu corpo

meu eu nascente,

mergulho desatada numa palavra execrada.

 

puêra

em universo recomponho-me, em verso inverso. 

nada sou, vaste e expansive sigo. 

sob meus pés, uma estrada bifurcada em infinitudes, 

onde há luz e treva e engulo-as. 

vomito-as e desejo a glória do descanso. 

não acho, e há. 

eu universo alargando-me 

em busca dos não ditos.

 

sijô: infância

acreditava eu: naquele planta, 

cada folhinha era um ser

independente pulsante vivo

achava eu: quando dos galhos

uma folha desprendia-se

choravam todas as outras.

Jair Cozta

Jair Cozta é Produtor cultural, artista, ativista queer e revisor de textos em Língua Portuguesa. Às vezes é do tamanho da duração do instante. Cursou Letras na UECE e atuou como produtor em diversos espaços culturais de Fortaleza.

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Jair Cozta

Jair Cozta é Produtor cultural, artista, ativista queer e revisor de textos em Língua Portuguesa. Às vezes é do tamanho da duração do instante. Cursou Letras na UECE e atuou como produtor em diversos espaços culturais de Fortaleza.