Arquivos em Tags: literatura

CONSIDERAÇÕES DE DESEMPAREDAMENTOS

1
os poetas, as crianças e a lua são os primeiros a ‘de-compor’ todas as paredes
2
os peregrinos de mim batizam meus muros
3
e que não se enganem,
as paredes, todas elas, estão dentro do mármore do olho
dentro da longitude da garganta
dentro da parcimônia

Quem sou eu

A noite e as estrelas contadas nas pontas dos dedos. No terreiro, deitada no chão, eu.
A luz do candeeiro, o santo na parede e o cheiro de canjica com canela. Vovó lina na cozinha e vovô Chico com o radiozinho

DEUS TEMPO

O senhor tempo é o Deus maior. Nos ensina a importância de todas as coisas e nos mostra por quais devemos lutar. O que vale a pena e o que devemos abandonar. Quem segue conosco pela estrada florida e quem

DA SOLIDÃO, O QUE RESTA?

PRÓLOGO OU SABE-SE LÁ O QUÊ
 
Embaralhou as cartas de tarô e as jogou na mesa. Uma delas vira por intervenção do acaso ou do destino – talvez deste último. “Alguma coisa para o amor”, era o interesse dele naquele momento.

QUANDO O MEDO ME ABRAÇA

 
“pego o ódio agressivo e enfio em um   buraco tampo com ignorância
rego com vontade de esquecer
e espero que algo bom aconteça
como quem planta feijão no algodão”
(Poema Terra de inanição, do livro O medo     de tocar o medo, de João

Meu outro inverso

 
O inverso de mim mesmo é meu mundo mórbido e opaco.
E nas entrelinhas de um abrupto silêncio minha tristeza declina.
Mas em noites incomuns sobrevivo com saudades melancólicas.
Pois não canto, sou desencanto num lastro sem sorriso.
O que me apraz é um

ELA PARTIU

             O amor é esta coisa que nos torna aves em voos suicidas. Talvez algum desagradável poeta ouse um dia perscrutar as névoas fundas desse sentimento que nos fragmenta, e aumenta-nos em nossa pequenez, e

Do Outro Lado da Rua

Ele não atravessou a rua. Ela sempre acalentou seus medos. Colocou-os no colo, afagou-lhes com amor e respeito. Nunca criticou sua ausência de movimento.
A não travessia de Joaquim sempre fora a dor e a esperança de Catarina, até o dia

MUNCH

A minha cabeça cheia de pó tomba para o lado. Já são 10h e nada acontece. Domingo, dia de Inverno, muita chuva, não se passa nada. Foge-me todo o sangue para o rabo. Eu estou nu, não me ergo do