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A Razão de Acácio – Alder Teixeira *

Em livro clássico, intitulado Fundamentos da Linguística Contemporânea, o semioticista brasileiro Edward Lopes discorre sobre o que define como “função outrativa” da linguagem. Entende-se por isso a capacidade do artista para despersonalizar-se, isto é, desdobrar-se em diferentes personalidades, tornar-se outro

Meus projetos literários

— Quais os seus mais novos projetos literários, Clauder Arcanjo?
Essa provocação do Companheiro Acácio me tirou o prumo do dia. Não o respondi de imediato, pois sempre suspeito dos questionamentos inopinados do Companheiro. Quando não têm um quê de troça,

Confidências a Angela Gutiérrez

Nas mãos vazias da menina,
plumagem mágica de ignoto pássaro nascia
e no espelho de seus olhos se esvanecia.
Há magia nas palavras da eterna menina. Eterna por não perder sua plumagem de pássaro, a sempre renascer em cada sonho, em cada poema,

Confidências a Akhmátova

Na janela, o álamo murmura:
“Teu rei já não é mais deste mundo”.
Hoje, não quero falar de álamo, não há álamos no meu sertão. Existem espinhos ferinos; os mais cruéis são aqueles, Anna, que despontam no tronco das línguas dos próximos,

Confidências a Paul Celan

Todos os poetas são judeus.
(Marina Tsvetáieva)
ERA TERRA DENTRO DELES, e
cavavam.
Há mais do que terra dentro de nós, e cavamos cada vez mais. Em busca do centro de tudo. Dos dias, das noites e dos segredos não revelados, enterrados.
Cavavam e cavavam,

Confidências a Matilde Campilho

Um homem leva a mão ao peito e repete quatro vezes o nome do seu irmão.
Enquanto isso, Matilde, eu levo a mão à obra e repito sete vezes o teu nome como se fosse em flecha-canção.
***
Nu, de braços abertos, António

Confidências a Rosa

Eu quase que nada não sei. Mas desconfio de muita coisa. O senhor concedendo, eu digo: para pensar longe, sou cão mestre — o senhor solte em minha frente uma ideia ligeira, e eu rastreio essa por fundo de todos

Confidências ao gato Nabuco

— O que tanto o incomoda, Nabuco?
Mal concluí tal indagação, o bichano subiu sobre a escrivaninha e passou a apontar-me, com a patinha esquerda, a página de um livro.
— Shif… zhshif… miau… miauuu!
— Calma, Nabuco, lerei, calma! — respondi. De

Companheiro Acácio e o pardal

— Companheiro Acácio, que tristeza!
Acácio calado estava, sorumbático ainda mais ficou.
Bem sei que quando ele se encontrava naqueles dias, era prosa perdida se me arvorasse a seu confidente.
Aliás, Acácio detesta os enxeridos, os fuxiqueiros, ou os curiosos trajados de amigos

Pedro de Bergerac

— Companheiro Acácio, não o sabia conquistador!
Se vou direto a esta sentença exclamativa, caro leitor, é porque tinha Acácio como alguém tímido. Apreciador da beleza feminina, claro, mas destituído daquilo… Como poderei descrever? Daquilo que encanta as mulheres.
Várias vezes o