JURO DIZER A VERDADE

Espetáculo revive e problematiza o mito de Caim e Abel no embate político contemporâneo   Uma leitura mais atenta do Pentateuco, os cinco primeiros livros do Velho Testamento, pode fazer com que nos perguntemos se o que está em jogo é somente e primeiramente o reino dos céus, se não se trata também de delimitar […]

AMOR BANANERI

Noi siamo tutti passageri No mezzo do camin Da oscura vita ed Qui na quitanda s’importa (?) Pero ella, ai ella, Me ha ligato quando Giá no lo spetava Dio mio Che cazzo fó? Cara mia, tuo calçati sono Cara memória mia Pero tuo retrato me he perduto

CARLOS, SORRIA

Se acalme, Carlos, a política É mesmo a lama que o senhor está vendo Hoje perde amanhã —  também Hoje é segunda-feira de trabalho e Se há trabalho Amanhã também     Não adianta espernear Nem se demitir Pelamor de Jah não se demita     Espere as horas livres Tão angustiadas segundo a segundo […]

ANDROMAQUIA

Sou um homem só e nu Na noite da cidade de Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção Aos seus quarenta e cinco anos   Não penso o carinho perdido Como na matemática cruel dos prejuízos Esqueço que ao redor há milhões de pessoas Quantas além de uma nuas e sós Diante de espelhos Quantas pensam […]

PONTO GRAMATICAL

Os livros são objetos Nem sempre objetivos No que dizem mas, Ainda assim, objetos Como bananas ainda Que não comestíveis Os livros em geral São feitos de palavras Impressas em papel Que aceita tudo Diz o povo Que nem sempre Tem em casa Livros   Os livros não têm dentes Se não lhes damos dentes […]

A POESIA DE AIRTON UCHOA

A poesia de Airton Uchoa, A Invenção de uma Avó Desconhecida, me tocou profundamente. A forma como o autor narra a vida de Maria Moura de Souza, mesclando dor, resistência e fé, é poderosa e comovente. Através de suas palavras, senti o peso da história de tantas mulheres invisíveis, mas nunca esquecidas. O impacto de […]

A INVENÇÃO DA AVÓ DESCONHECIDA

Um arranjo de palavras Não muda o fero mundo Sangra em vão o poeta O poeta é uma mulher Que ouve Roberto Carlos No escuro oco do mundo   Maria Moura de Souza Pequenina concentrada Preta forte bonita Abandonada pelo Branco marido Nunca pelos orixás   Maria Moura de Souza Guardava cadernos de Poesia como […]

AVENIDA NOITE À NOITE

Para Bálint Urban e Eduardo Francelino Caminhemos então Pois somos pobres Temos somente O somente do somente E além disso um ao outro O mundo — Amor, eu prometo — Nada saberá Das nossas guerras secretas O mundo Não saberá (Nem quer saber, aliás) Que nos corroemos Que temos ossos de metal Que se desgastam […]

HEY MR. ROBERT ZIMMERMAN

Já não existem trens Os vagabundos Já sem poesia São só gente com fome Já não existem telefones fixos Por mais que haja lágrimas do outro lado Se é que ainda há mesmo o outro lado As lágrimas sim ainda existem Ainda existem ainda existem Ainda falta muito a se passarem Os seis bilhões de […]

VERDES FLORES BRAVIAS

Descobri certa feita Que existem flores verdes Flores verdes que mal se distinguem Da mera folha verde folha Flores verdes flores verdes eu pensei Pois que me pareceu Não fazia sentido a natureza As flores verdes de uma planta eram Como um amor discreto Tímido apesar de laborioso E eis que percebi Que aquela era […]

SHAKESPEARE MENOS UM

Apenas uma vida tenho Para do meu amor dizer Ao menos uma mínima Positividade. O tempo Enquanto isso, passa. Viajamos, vivemos e Como podemos, somos. Não quero da declaração Uma única lágrima. Não, Não é feio o meu amor, Não é feio o meu desejo, Não é feio o meu corpo, Coisas que Deus, sive […]