Muita gente fala hoje sobre coisas que nunca leu. Parece ser um fenômeno da bestificação a que estamos sendo submetidos pela indústria cultural, há anos. Primeiro, vem a posse do que é popular para transformá-lo em cultura de massa. Quanto mais gente consumir o que foi popularizado num segmento social, mais renderá para quem explora. E, nesse afã de gerar mais consumo, a própria elite econômica é abocanhada pelo consumo desta cultura sem cultivo.
Com o tempo, a era digital aperfeiçoou as técnicas de manipulação e alcançou rapidamente milhões, bilhões de usuários através das redes sociais, na internet. Incontáveis vídeos se sobrepõem e vão classificando você num algoritmo que produz efeito circular em referentes que trazem mensagens subliminares para alcançarem a finalidade do consumo. Quem já viu a cena talvez não perceba, mas o usuário está sendo transformado num cachorro correndo atrás do próprio rabo.
Este colonialismo fruto dessa relação exposta acima é cultural e apoiado pelas mídias sociais e pelas redes de TV. Muitas vezes, alguém “estoura” no aplicativo de criação de vídeos e, logo depois, aparece na TV, contracenando com os apresentadores e alguns artistas famosos. Esse colonialismo é o que transforma você numa peça de engrenagem social para justificar posturas e comportamentos. Tudo que é feito nesta direção gera lucros fabulosos. O que importa é a fama ou a ilusão da fama acima das necessidades de sobrevivência por alguns minutos de exposição pública.
Mas o que isso tem a ver com massacre?
Os judeus, massacrados pelo nazismo, foram convencidos de que a história dos seus conflitos milenares teria um fim, caso escapassem do trauma do holocausto, com a reunião de todos, ocupando como um direito de posse, aquilo que foi tramado pelas nações europeias no controle da nova ordem mundial pós-guerra. Portanto, para eles, judeus, a terra Palestina é um direito. E ao palestino, povo originário e que luta pelo que é seu, deveria rever sua identidade e se submeter ao novo mapa geográfico que estaria sob o controle de Israel.
Sugiro que vejam o filme “1492 – A conquista do paraíso”, e comparem especialmente a cena em que Colombo conversa com o chefe da tribo, que lhe pergunta o porquê de eles estarem ali na terra dos índios. Colombo responde: para trazer medicina, Deus, lei, ordem… O cacique diz que eles já têm tudo isso. Mas Colombo insiste que virão assim mesmo. E o chefe pergunta: Quantos? Colombo olha para um arvoredo imenso e diz: tantos quantos são as folhas destas árvores. Ali o diálogo se encerra e o cacique vai embora.
Assistam também a Série “Inferno sobre trilhos”, sobre a expansão da ferrovia nos Estados Unidos. Ocorre o mesmo diálogo entre um senador, o chefe da ferrovia e um chefe indígena. Tentam convencer o índio de que eles têm que sair dali, para a ferrovia passar. O índio responde que tem outros lugares para eles construírem a ferrovia. Mas o senador insiste que aos índios será doada uma reserva para eles morarem. E o chefe indígena diz que não pode receber o que já é deles.
Assista também “Fronteiras”, sobre a colonização e exploração de peles de animais pelos ingleses, no Canadá. O tratamento que os ingleses dão aos nativos é o mesmo de Colombo, da coroa portuguesa, da coroa espanhola, dos franceses e hoje dos americanos do norte com relação aos outros países. Todos que não são brancos, cristãos e capitalistas são bárbaros. Essa lição está na História e está aqui mesmo, entre nós. Um bando de milicos sem inteligência intelectual e sem humanidade, governado por um psicopata, querendo dar um golpe para poder ter prótese peniana, comer caviar e matar quando precisar, usando os idiotas inúteis e os empresários antipatriotas para desestabilizarem o país. Quem de direita não se enquadrar neste rol exposto aqui sinta-se apenas cúmplice e faça mea culpa.
A Palestina é só mais um país colonizado brutalmente por Israel, governado por uma extrema direita com ares de perversidade comparável ao que fizeram a eles na Segunda Guerra Mundial.
Então, eu pergunto: Somos assim? Não, não somos assim. Fomos adestrados para sermos assim. Eu me recuso. Tenho opção de ser diferente, divergente e decolonial.
Qualquer sistema que esteja ao lado de um massacre eu serei contra. O Hamas matou cerca de 250 inocentes. Israel, em retaliação, matou 2.500 palestinos inocentes. Não se sabe se matou humanistas. Que balança pode ser usada para pesar 250 com 2.500? O colonialismo israelense não se importa com a vida dos palestinos.
Qualquer colonialismo não se importa se são índios, negros, gays, putas, árabes-palestinos, sulamericanos… Eu jamais estarei do lado de lá. De quem usa o extermínio sob qualquer que seja a alegação. Fizeram isso com as três Américas e com a África, usando o nome de Deus. Por conta disso, muito cedo, me tornei decolonial.