Nos debates realizados na manhã desta sexta-feira (25) em Plenário, o senador Roberto Requião (PMDB-PR) informou ter concedido uma entrevista ao jornal O Estado de São Paulo, ainda não publicada, em que pôde explicitar seu papel na relatoria da proposta que busca atualizar a legislação concernente ao abuso de autoridade (PLS 280/2016).
Na entrevista, segundo seu relato, Requião deixou claro que jamais se “permitiria ser um instrumento de dificultação a investigações que moralizam este país”.
— Pedi a colaboração inclusive do juiz Sergio Moro para tratar sobre o abuso de autoridade e debato diariamente com o Ministério Público e a Ordem dos Advogados do Brasil — disse.
O senador acredita que talvez a íntegra de suas declarações não tenham “agradado” à direção do jornal, pois deixou claro também seu temor de que as conseqüências dessas investigações acabassem servindo como uma espécie de “biombo” para a implantação de um projeto ultraliberal sem dialogar com a sociedade.
Para Requião, o atual projeto de “desmonte do Estado” que estaria em curso teria o apoio “unânime” da grande mídia, e todo o “barulho” em torno das investigações seria uma “cortina de fumaça” encobrindo processos de corrupção no seu entender ainda mais nocivos ao povo brasileiro.
— Temo sim a influência de todo este processo em nossa economia, que vem sendo destruída sob o tapume midiático feito em torno delas, enquanto a gigantesca corrupção intrínseca a interesses anti-nacionais e rentistas se apoderam do controle de Estado — disse.
Ponte para o Futuro
Requião informou ainda conhecer o presidente Michel Temer “há muito tempo” e disse que ele “nunca foi defensor do Estado mínimo”. Acredita que o presidente abraçou o projeto quando percebeu que assim chegaria à Presidência da República.
O senador reclamou também que o projeto “ultraliberal” estaria sendo imposto “goela abaixo” da sociedade, e que nem mesmo o documento Ponte para o Futuro, que seria a base dele, teve de fato o apoio do PMDB quando foi apresentado.
— Participei da reunião do PMDB no ano passado quando ele foi apresentado, e 17 diretórios estaduais se posicionaram contra — disse.
Agência Senado
