Perto da minha casa tem uma padaria que eu e minha família gostamos muito de frequentar, é só atravessar a Avenida que pisamos na calçada do estabelecimento. Um dia desses percebi que sempre que vamos à tal padoca, vamos de carro, e fiquei me perguntando o porquê de não irmos a pé, já que daqui pra lá é um pulo. Foi aí que me dei conta de que esse hábito não é coisa só da minha casa, é algo que o fortalezense tem como costume, e não abre mão. Tá, aí você pode me dizer que hoje a cidade é muito insegura e que andar a pé é muito arriscado. Pois me diga o que não é arriscado nessa cidade? Se ir a pé é chamar a atenção de bandidos, avalie de carro? Pois supõe que quem tem carro é rico, o que não é regra e a gente bem sabe.
Pois bem, voltando ao assunto da mobilidade, e se os habitantes de Fortal City que andam de carro não tirassem o veículo de suas garagens só pra ir na farmácia da rua de trás, no mercado da esquina comprar 1 item, na casa do amigo no mesmo quarteirão, e preferissem ir a pé, ou de bike? E se a gente aprendesse a enxergar o nosso bairro fora dos vidros de um automóvel e encontrasse mais amigos e mais locais interessantes? Se Fortaleza tivesse menos carros na rua, quantas pessoas não chegariam mais cedo em casa? Quantos viveriam menos estressados e quantas discussões seriam evitadas no trânsito, já que teria um fluxo mais leve e menos caótico?
Eu sei que é confortável andar de carro, a gente não quer suar, quer ir e voltar rápido, porque temos muita pressa sempre, o sistema de transporte público deixa muito a desejar, ainda não aprenderam a respeitar o ciclista e nem sempre tudo é perto. Mas se Fortaleza tivesse ótimos meios de transporte público, metrôs de última geração e muito mais ciclo faixas, deixaríamos nosso carrinho na garagem? Em uma cidade com mais de um milhão de automóveis, pensar em deixar o carro stand by para andar uns poucos metros é quase uma questão de bom senso, de evitar transtornos e saber que podemos ganhar muito se trocarmos as rodas pelos pés.