Quando eu fazia coisas que não devia minha mãe perguntava, com raiva: quem mandou? Eu era criança, naturalmente, não discutia a filosofia alemã e o romance russo, que eu desconhecia. Hoje quero uma sentença exata que evoque mortos inventados e verdades passadas. Nada me obriga; mas, se não consigo, me angustia. Deus. Diante de uma frase mal lapidada, pouco convincente, sinto falta que minha mãe me pergunte: quem mandou? Minha mãe traz o almoço e pergunta se tenho pressa pra ir ao trabalho. Tenho pressa, preciso ir. Em quarenta minutos de caminhada até a escola tento pensar numa sentença perfeita. Que não vem.
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