CONVERSANDO COM A JUVENTUDE CEARENSE

Nesta semana demos seguimento à nossa linha de pesquisa com as juventudes cearenses em torno do cenário político atual, agravado no dia 07 de julho pela postura das Forças Armadas ameaçando a Democracia brasileira.

Apenas relembrando, em nota oficial assinada pelo ministro da Defesa, general Braga Netto, e pelos demais chefes das Forças Armadas, o presidente da CPI do Genocídio, senador Omar Aziz (PSD-AM), foi visivelmente intimidado no exercício de suas funções constitucionais de investigação dos supostos delitos no ministério da Saúde – seja por negligência, por intencionalidade e por corrupção – de agentes públicos, militares e civis.

Este episódio foi agravado por entrevista ao jornal O Globo, concedida pelo chefe da Aeronáutica, o tenente-brigadeiro Carlos de Almeida, ao afirmar que “homem armado não ameaça”, num evidente desrespeito à atuação da CPI, que identificou, com amplas provas documentais e testemunhais, no coronel Élcio Franco, ex-secretário executivo do ministério da Saúde (maio de 2020 até março de 2021), e atual assessor especial da Casa Civil, comandada pelo general Luiz Eduardo Ramos, como em outros coronéis do exército brasileiro, indícios de corrupção nas negociações da contratação das vacinas para combate à pandemia da Covid-19. As Forças Armadas estão na contramão da história, e a Sociedade Civil com as Instituições Republicanas não podem ficar passivas diante destas ameaças.

Nossas conversas com os jovens, na faixa etária entre 18 a 25 anos de idade, ocorreram nas tardes dos dias 05 e 06 de julho; portanto estas referidas ameaças armadas ainda não haviam sido manifestadas. O tema gerador dos diálogos girou em torno da seguinte pergunta: como eles e elas (jovens) viam os recentes ataques disparados pelo candidato Ciro Gomes (PDT-CE) ao candidato Lula (PT-SP)?

Foi uma conversa muito rica e participada, sem nenhum roteiro ou censura às opiniões apresentadas. E aqui vamos destacar, em função do limitado espaço editorial, apenas três dos pensamentos expostos nos quais encontramos originalidades e conteúdos para nossas próximas análises.

Primeiramente, um deles relembrou o fato ocorrido em 2018 quando a militância petista foi chamada de “Babaca”, diante dos vídeos reproduzidos para todo o Brasil, por um senador cearense, quando da campanha do segundo turno em apoio ao presidenciável Fernando Haddad. “Com sua raiva, ao chamar as pessoas de babacas, o senador atacou a população em geral. O senador desrespeitou a opinião daquele eleitorado. Como representante do povo, ele não podia ter agredido o povo daquela forma”, disse o jovem.

Outra jovem relatou: “No Ceará, ficar próximo a quem lhe ataca constantemente, difamando publicamente a pessoa do presidente Lula, é algo muito perigoso para o PT porque o Nordeste é a região do Brasil onde há mais petistas e lulistas. Como irão explicar isto?”.

Por fim, citamos mais uma última opinião: “Essas agressões fazem o agressor ficar igualzinho a Bolsonaro. Esses agressores se consideram o centro do poder. São coronéis e vão fazer de tudo para acabar com Lula de qualquer jeito. Eu não sei como é que Camilo (Santana) fará para explicar para a população que ele estará ao lado dessas pessoas que atacam Lula e o PT o tempo todo”.

Em sua conta no twitter, o candidato Ciro Gomes já anunciou que irá fazer ataques ainda mais duros endereçados ao Presidente Lula. Logicamente algo que atormenta Ciro diariamente é o fato de as pesquisas eleitorais indicarem a vitória de Lula no primeiro turno.

Mas o importante é a pergunta que fica no ar: até quando o PT cearense permanecerá amorfo e indiferente a estas questões? Pelo menos a juventude cearense já deixou evidente que percebe claramente esta contradição que poderá custar muito caro ao PT local uma omissão diante de si mesmo e de seu eleitorado fiel.

Alexandre Aragão de Albuquerque

Mestre em Políticas Públicas e Sociedade (UECE). Especialista em Democracia Participativa e Movimentos Sociais (UFMG). Arte-educador (UFPE). Alfabetizador pelo Método Paulo Freire (CNBB). Pesquisador do Grupo Democracia e Globalização (UECE/CNPQ). Autor dos livros: Religião em tempos de bolsofascismo (Independente); Juventude, Educação e Participação Política (Paco Editorial); Para entender o tempo presente (Paco Editorial); Uma escola de comunhão na liberdade (Paco Editorial); Fraternidade e Comunhão: motores da construção de um novo paradigma humano (Editora Casa Leiria) .

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Alexandre Aragão de Albuquerque

Mestre em Políticas Públicas e Sociedade (UECE). Especialista em Democracia Participativa e Movimentos Sociais (UFMG). Arte-educador (UFPE). Alfabetizador pelo Método Paulo Freire (CNBB). Pesquisador do Grupo Democracia e Globalização (UECE/CNPQ). Autor dos livros: Religião em tempos de bolsofascismo (Independente); Juventude, Educação e Participação Política (Paco Editorial); Para entender o tempo presente (Paco Editorial); Uma escola de comunhão na liberdade (Paco Editorial); Fraternidade e Comunhão: motores da construção de um novo paradigma humano (Editora Casa Leiria) .