Inconformado com a proibição imposta a compositores negros em criar arranjos para instrumentos de cordas, Quincy Jones foi buscar especialização na fonte.
Queria ir além dos acordes do Jazz, que ja dominava.
Deixou Chicago e migrou para Paris. Foi se aprofundar e conhecer a matéria prima da música Classica. Correu atrás de realizar seu sonho.
Lá, se embebedou da genialidade de nada mais nada menos que Nadia Boulanger, a mentora de Igor Stravinsky.
– Quero conhecer a alma da orquestração, pediu a ela.
– Querido, não tem segredo. Existem apenas 12 notas musicais. Investigue tudo aquilo que os antepassados fizeram com essas 12 notas, respondeu a compositora francesa.
O que aconteceu depois é História.
Quincy Jones nos deixou recentemente, abrindo uma fenda irreparável na música mundial.
QJ foi uma pérola que a ostra da desumanidade produziu.
O garoto que comia ratos e gambás fritos, na mais absoluta miséria, se transformou no mito multimídia, tendo trabalho com parte dos maiores nomes do cenário musical.
Ray Charles, Frank Sinatra, Louis Armstrong, Miles Davis e Michael Jackson – só pra citar alguns.
O mundo perdeu um crânio.
O único arranjador musical que teve a ousadia de executar a trilha sonora de um filme ao vivo. A sua orquestra tocava em tempo real enquanto as cenas eram reproduzidas na tela.
Inacreditável.
Por que você se foi, Quincy?