Púrpura

A cor era vermelha, recém pintada de sangue.
Apenas meu coração ficou púrpura.
Cajuína. Cúrcuma. Melanoma. Tudo dói.
Quando a despedida é violenta, o coração fica perdido no tempo. Quantas vezes você vai voltar só para me mostrar [que continuo sozinha?
Que não há esforço no mundo que te traga enquanto eu trago.
Enquanto eu trago.
Enquanto eu trago.
Eu acordei sozinha, e seca, e fria. Envelhecida [pelas amarguras da vida.
Pois não há esforço no mundo que te traga enquanto escrevo,
Enquanto leio,
Enquanto grito
Até minha voz ficar púrpura.
E o meu coração ficar ainda mais vermelho.
Amanheci, sozinha, de novo.
O vermelho que tu sangras é tão ácido.
Que se ioniza completamente na água.
E é na água, no acolhimento do útero materno
No ventre sagrado de uma das mulheres desta aldeia
Que espero delicadamente que renasças E pinte o céu de uma cor Que não seja azul.
Eu tenho sete cores.
E a cada dia que passa, Desejo construir um arco-íris.
Que me leve implicitamente até você.
Disseram que a saudade era uma pedra carregada no bolso.
Mentira. É uma faca cravada no peito.
Que não quer parar de ficar ainda mais vermelho.
Em conformidade com todas as leis da natureza Ele bate, independente de mim, Ele me bate.

Carolina Capasso

Carolina Capasso é graduada em Letras Português e pós-graduada em Arteterapia Escolar. É apaixonada por Literatura Brasileira, Gramática Normativa e Produção Textual. Integrante do Sarau Casa de Poesia. Publicou seus textos em três antologias poéticas. Recentemente escreveu o livro "Canção do Mar".