Quando afirmo que é importante estudar, entender, discutir profundamente a organização partidária não é apenas para justificar o meu objeto de estudo e fazer parecer útil a matéria. É também a tentativa de falar sobre as crises pelas quais vêm passando os partidos políticos há algum tempo. Todos têm a sua vez e a sua crise: são crises de identidade, de ideologia, de liderança…todas respingando de maneira direta na representação política que fica a cargo das agremiações partidárias, por mais que alguns digam que os partidos não têm tanta importância.
Agora é a vez do Partido Social Liberal. Com o registro deferido em 1998, entrou em franca expansão a partir da entrada do então pré-candidato Bolsonaro em março de 2018, trazendo consigo vários nomes de peso e a esperança de um conservadorismo devastador que caia no gosto da população. A aposta que deu certo no conservadorismo, que veio de modo tão abrupto e assustador, que alguns políticos de extrema direita criticaram seus feitos.
Com as eleições de 2018, o PSL cresceu: elegeu no pleito 55 deputados federais, 3 governadores (nos estados de Rondônia, Roraima e Santa Catarina) e 4 Senadores. Em 2014 elegeu apenas um deputado federal. Possui hoje diretórios estaduais em 25 unidades da federação, a maioria constituída provisoriamente e com o fim da vigência previsto para 31.12.2019. Apenas em Pernambuco, o estado de Luciano Bivar, presidente do Diretorio Nacional, o PSL não possui órgão partidário de nível estadual. O Distrito Federal também não possui um órgão regional.
A crise que o partido vem enfrentando nos últimos dias tem a ver com liderança, busca e manutenção de poder, mais ainda com falta de estrutura partidária, partidos catch all e outras questões. A manutenção do Presidente da República dentro e à frente do partido e o embate com a cúpula do PSL, principalmente com Luciano Bivar, que, diga-se de passagem, festejou em 2018 a sua entrada para o partido, ainda vai gerar muita discussão.
O PSL pode sofrer estruturalmente se a divisão for consolidada entre bolsonaristas e bivaristas, denominações criadas recentemente e já se incorporadas à cena política. Não acredito na concretização desse racha político, mas não há dúvidas de que já está mudando o cenário político nacional e refletirá de modo considerável nas eleições de 2020.