PRÊMIOS SANCHO PANÇA E DOM QUIXOTE PARA MAGISTRADOS DA SUPREMA CORTE ****
Os Novos Quixotes e a bacia de Mambrino…
Uma revista jurídica — Justiça e Cidadania — ignora o conteúdo de uma das mais importantes obras da literatura universal e faz dos seus personagens centrais atores de uma opereta de gosto duvidoso.
A comparação e a celebração de distinguidas virtudes não distingue os homenageados, antes os expõe pela sua parcimoniosa origem intelectual e histórica.
Exaltá-los com a lembrança de Sancho Pança e dom Quixote mostra o nível de entendimento e o limitado alcance literário, político e ético refletido nesta celebração infeliz.
A menos que a escolha dos personagens da obra monumental de Cervantes, transformados em “Oscar” de reconhecimento do gênio brasileiro, e de reconhecida vocação jurídica, dissimule o lado satírico que Sancho e o velho Fidalgo a provocar, séculos afora, o riso e o escárnio entre os seus leitores.
De qualquer forma, não parece esforço pequeno a comparação a que se atrevem os responsáveis pela revista Justiça e Cidadania. Desde 1999, esta publicação desenvolve ampla programação editorial, conferências de distinguidas figuras da magistratura, tudo em grandes eventos “em defesa da ética, da justiça e dos direitos da cidadania”.
Entre os agraciados deste ano figuram o deputado Arthur Lira, o ministro Cristiano Zanin e o Advogado-geral da União, Jorge Bessias, além de mais 19 magistrados e destacadas figuras do governo.
A quem, afinal, conceder o capacete de Mambrino? À revista, a Sancho ou ao Quixote? Ou aos homenageados? Data venia.