O AUTOR
Tich Nhat Hanh (1926-2022) foi um monge budista e escritor vietnamita.
A PUBLICAÇÃO
O livro “Silêncio – o poder da quietude em um mundo barulhento’ , de autoria de Tich Nhat Hanh, foi lançado em edição impressa pela Harper Collins no Brasil em 2018 (três anos depois da estreia no exterior), com 143 páginas.
CIRCUNSTÂNCIAS
O autor, um monge budista, percebe as pessoas vivendo num mundo de barulho, sendo a mente de algumas como uma estação de rádio que nunca para. Essa gente também não descansa, até se distrai com essa bagunça mental. Fogem da contemplação, evitam a meditação, temem o silêncio. E são carentes e infelizes, deixam de admirar e se alimentar da beleza interior existente em cada uma delas próprias, uma riqueza infinita.
A IMPORTÂNCIA DO LIVRO
Tich Nhat Hanh se coloca como um profundo estudioso das ideias sobre a vida e como dedicado discípulo de Buda. E aplica o ensinamento deste para fazer seu diagnóstico das aflições dos personagens da cena moderna. E usa o conceito de silêncio interior como ferramenta para cada um encontrar dentro de si respostas para duas perguntas fundamentais: quem sou eu? o que quero fazer da minha vida?
A originalidade do livro está na linguagem e na proposição de buscar (e encontrar) respostas na articulação do silêncio com a atenção plena (mindfulness).
O LIVRO
O livro se estrutura em sete breves capítulos. Parte da visão de um mundo que oferece excesso de informação, de distração e ruído. E de pessoas que fogem da introspecção, até temem essa viagem interior. Segundo o autor, a riqueza e a beleza estão dentro de cada pessoa, e ele orienta essa busca com a prática do silêncio e da atenção plena.
Nessa busca, ele explica os cinco tipos de sons nobres, apresenta os quatro mantras que se apoiam no amor e os quatro nutrientes de cada dia, entre outras observações que podem ser úteis. Ou apenas agradar ao leitor interessado na questão.
INSIGHTS
“Reservar um tempo de silêncio para regressarmos a nós mesmos, com consciência, é a única maneira de ajudar a curar nosso sofrimento.
“A prática da mindfulness é muito simples. Você para, respira e acalma sua mente. Você se volta ao seu íntimo para desfrutar do aqui e agora em cada momento.
“Nós precisamos de silêncio assim como precisamos de ar, da mesma maneira que as plantas precisam de luz. Se nossas mentes estão repletas de palavras e pensamentos, não há espaço para nós.
“O que precisamos é aprender a desligar a estação de rádio PSP (Pensando Sem Parar).
“Sua prioridade deve ser encontrar um espaço de tranquilidade no interior de seu corpo, para assim aprender mais sobre si mesmo.
“Há muitas maneiras de nos comunicarmos sem palavras.
“Nós costumamos dizer que tempo é dinheiro, mas o tempo é muito mais que dinheiro. Tempo é vida.
“Na vida, se você tiver um único bom amigo espiritual, sinta-se uma pessoa de sorte…dizem que é tão raro quanto o desabrochar de uma flor de Udumbara, que só acontece a cada três mil anos.
IDEIAS CENTRAIS
“O que nos dá tanto medo? Podemos sentir um vazio interior, podemos nos sentir isolados, pesarosos, inquietos. Podemos nos sentir desolados ou mal-amados. Podemos nos sentir como se faltasse algo importante. Algumas dessas sensações são muito antigas e convivem conosco desde sempre, permanecendo por trás de tudo o que fazemos ou pensamos. O excesso de estímulos facilita a distração do que sentimos. Porém, quando existe o silêncio, tudo isso se apresenta com bastante clareza.
“Quando você for capaz de paralisar todo o som que existe no interior de si mesmo, quando for capaz de estabelecer o silêncio, um silêncio retumbante, começará a ouvir o mais profundo chamado interior. O seu coração clamará por você. Aliás, o seu coração deve estar tentando lhe dizer alguma coisa, mas você não é capaz de ouvi-lo, pois sua mente está repleta de ruídos. Várias coisas o distraem.
“A ‘mindfulness’ (atenção plena) nos oferece o espaço interior e o silêncio que nos permitem observar profundamente, para então descobrirmos quem somos e o que queremos fazer de nossas vidas. Com mindfulness, você deixará de sentir a necessidade de correr atrás de coisas sem sentido.
“E o que significa “eu estou aqui”? Significa “eu existo. Eu estou aqui de verdade, pois não estou perdido no passado, no futuro, nos meus pensamentos, no barulho dentro de mim, no barulho que vem de fora. Estou aqui”. Para estar de verdade, devemos nos livrar dos pensamentos, das ansiedades, do medo, do desejo. “Sou livre” é uma afirmação forte, pois a verdade é que poucos seres humanos são livres. Em geral, não temos a liberdade que nos permite ouvir, ver e simplesmente estar.
“Quando nos perguntamos “quem sou eu?”, empregando tempo e concentração suficientes , podemos encontrar respostas que nos surpreendem. Podemos enxergar que somos a continuação de nossos ancestrais. Nossos pais e familiares estão presentes em todas as células de nossos corpos, somos a continuação de todos eles. Ninguém é um ser isolado. Se nos afastássemos de nossos pais e ancestrais, não restaria nada de nós.
“São quatro os tipos de alimentos que consumimos todos os dias. No budismo, chamamos esses alimentos de ‘Os Quatro Nutrientes’. São eles: os alimentos comestíveis, as sensações, o desejo e a consciência (individual e coletiva)….Todos esses alimentos podem ser saudáveis ou não, nutritivos ou tóxicos, dependendo…